O **vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB)**, defendeu nesta quarta-feira (4) que o Brasil seja reconhecido como um país que venda commodities, mas também **produtos de alto valor agregado**. “_O Brasil precisa ser potência agroambiental, mas que exporta aviões e máquinas elétricas_”, disse em cerimônia de transmissão de cargo MDIC no Palácio do Planalto.
Conforme o vice-presidente e ministro, a sociobiodiversidade será a **energia do desenvolvimento** e haverá um esforço redobrado de superação de barreiras a produtos brasileiros no Exterior. “_Há muito a ser feito, o desafio está posto em alinhamento com a política de competitividade industrial para agregar mais valor a exportação e mais empresas a sua base exportadora_”, argumentou.
Ele também ressaltou que o comércio exterior é uma via de mão dupla, e que **a integração com o globo passa também por aumento das importações**. “Para ser competitivo, precisa também importar, com agenda de apoio integral a micro e pequenas empresas que fazem a economia girar e o Brasil crescer”, pontuou.
Alckmin relatou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que houvesse um trabalho para **reduzir o déficit de produtividade e ampliação da digitalização de micro e pequenos negócios**, para que, segundo ele, haja uma “_autêntica transformação digital_”. Para isso, continuou, é preciso dar apoio a startups e à inovação, contar com novas formas de emprego e geração de renda. “_Tudo passa pela fase de diagnóstico e prognóstico_”, considerou ele que é médico de formação.
Citando órgãos ligados ao MDIC, Alckmin destacou que, juntos, trabalharão para inovar em **programas de reindustrialização, expansão do comércio e fortalecimento dos serviços**. “_O governo de transição nos abasteceu com trabalho rico e profundo. O novo MDIC terá atenção para a economia inclusiva, criativa e sustentável, trabalharemos com demais colegas da Esplanada para criar mais empregos de qualidade, com carteira assinada e todas as garantias que um trabalhador deve ter_”, assegurou.
O vice-presidente e ministro disse ainda que **a inclusão terá um sentido econômico**. “_Lula enfatizou que a desigualdade é uma das maiores chagas do nosso país, que é socialmente desajustado. Vamos superar a lógica da soma zero que coloca os setores econômicos uns contra os outros_”, afirmou. “_O que importa no século XXI é agregar valor a nossa produção para que todos os setores se sofistiquem e se reforcem mutuamente, em espírito de ganha, ganha. Ganha o empresário, o trabalhador, o meio ambiente, o Brasil e a comunidade internacional_”, completou.
**Protagonismo**
Geraldo Alckmin afirmou também que a indústria brasileira precisa urgentemente retomar o protagonismo na economia e expandir a participação no Produto Interno Bruto (PIB). Segundo ele, a reindustrialização é essencial para o desenvolvimento sustentável, sob o prisma da justiça social que a legitima.
“_As mudanças climáticas, o pós-covid e guerra na Europa indicam a necessidade de uma política de reindustrialização com participação do setor produtivo, da academia, da sociedade e do setor externo. É imperativo a redução de emissão dos gases estufa e apoio ao baixo carbono, privilegiando energias limpas. O Brasil será o grande protagonista do processo de descarbonização da economia mundial_”, disse Alckmin.
Ele ainda declarou que o investimento tecnologias para integrar o Brasil cadeias globais de valor indústria é essencial. Segundo ele, **para cada R$ 1 investido na indústria, a economia ganha 2,43 vezes mais, com impactos positivos em todos os setores da economia**. “_Vamos trabalhar pelo emprego, pela distribuição de renda, em apoio a indústria, o comércio e o setor de serviços. É urgente a reversão da desindustrialização precoce no prazo, que reclama uma clara política de competitividade industrial contemporânea_”, disse.
**O vice-presidente também relembrou que a indústria corresponde a é 11% do PIB, mas aporta 69% de todo o investimento em pesquisa e desenvolvimento**. Além disso, o setor responde por 29,5% da arrecadação, três vezes o seu peso na economia. “_O Brasil não pode prescindir da indústria para alavancar o crescimento e se desenvolver socialmente. Ou retoma a agenda do desenvolvimento industrial ou O País não retomará o caminho do crescimento sustentável_”, afirmou.
**Projetos e programas**
Alckmin disse ainda que os projetos para o desenvolvimento da indústria no País terão de contar com a participação do setor para serem eficazes. Ele afirmou também que haverá uma sinergia de atuação de sua pasta com os ministérios da Ciência e Tecnologia e das Relações Exteriores. “_Não haverá projetos eficazes que sejam elaborados à revelia do setor produtivo e da sociedade civil_”, comentou.
Ele afirmou ainda que na terça, esteve com o atual presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, e saudou o futuro presidente da entidade, Ricardo Alban, presente ao evento.
O vice e também ministro disse que o desenvolvimento industrial tem **relação próxima com as políticas de inovação, desenvolvimento de tecnologia e comércio exterior**. “_Vamos achar sinergias nessas frentes, sempre poderemos contar com apoio da ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e do chanceler Mauro Vieira_”, afirmou.
No discurso, Alckmin lamentou a **queda da participação da indústria de transformação no PIB** brasileiro desde a década de 1980, quando chegou a 20%.
“_Salvo períodos do governo Lula, o que se viu nos últimos anos foi seu encolhimento, chegando a 11,3% em 2021_”, afirmou ele, comparando a indústria brasileira com a dos Estados Unidos, que dobrou de tamanho no mesmo período; a do mundo, que aumentou em dez vezes; e da China, com crescimento de 47 vezes. “_A desindustrialização é precoce e grave, joga contra o presente o compromete o futuro_”, disse o vice e ministro.
“_O presidente Lula pede com urgência uma política moderna de desenvolvimento da indústria, que parte do diagnóstico correto, seja bem desenhada e seja implantada corretamente, com avaliação apropriada com métricas e mecanismos para medir resultados, que seja continuada no tempo, porque tem se processo de maturação_”, afirmou.
E complementou: “_Como sabemos, a imprevisibilidade e a descontinuidade dos instrumentos de apoio contribuem para insucesso de políticas em várias áreas._”
**Conciliação**
O vice-presidente e ministro destacou também que a **conciliação entre o Estado e o setor privado será o fator que integrará o País**. Ele disse que o novo Ministério terá transparência e previsibilidade.
“_O novo MDIC tem espaço para concepção de política voltada a fármacos, biotecnologia, nanotecnologia_”, afirmou Alckmin.
Segundo ele, o Brasil precisa se qualificar para um **novo mundo do trabalho** que está em surgimento. “_O MDIC é moderno, forte e será eficiente_”, emendou.
**Camex**
O vice e ministro disse que a **incorporação da Câmara de Comércio Exterior (Camex) pela pasta** vai facilitar a coordenação intragovernamental. O viés do Ministério, segundo Alckmin, será “_ainda mais empresarial_”. “_O Brasil perdeu complexidade econômica_”, prosseguiu.
Alckmin disse que o **cenário internacional será desafiador** neste ano, diante da perspectiva de desaceleração das economias globais. “_A menor atividade econômica mundial deve proporcionar redução dos preços dos produtos exportados pelo Brasil. Da mesma forma as importações brasileiras no próximo ano estarão ocorrendo a preços também menores_”, pontuou.
Entretanto, o vice-presidente e titular do MDIC disse que os desafios de competitividade do País começam a ser superados. “_Vamos buscar a abertura de novos mercados para bens e serviços_”, finalizou