MITIGAR
Agora suas costas doem como
as curvas costas de seus pés doíam
no tempo em que vivíamos dançando
e a vida nos atava por um fio.
E agora minhas mãos deslizam pelo
seu dorso curvo em pelo dolorido
e os dedos emaranho em seu tecido
cosendo em seu socorro meu desvelo.
E agora que o amor socorre é quando
o amor enquanto amor tem mais sentido:
um par seguir dançando, se amparando,
dois corpos que se encurvam, doloridos.
O tempo despendido esplende enquanto
o agora se distende e as horas param.
No par, entrelaçado, dá-se o encanto:
seus corpos, tão doídos, se reparam.
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