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Dia de Finados: vamos falar sobre o luto?

Falar sobre o luto não é, definitivamente, um processo fácil. Cada pessoa lida com isso de uma forma diferente, assim como cada pedacinho de terra que nos separa através de culturas e barreiras geográficas. No **Ocidente**, temos a tendência de sofrer muito com o assunto, por não sabermos lidar com a saudade, a falta e, principalmente, o silêncio – o luto não é algo sobre o qual somos ensinados a conversar, assim como a velhice. Existem países, no entanto, que isso é sentido de outra forma.

![Dia de Los Muertos (Foto: Jeremy Lwanga/Unsplash/Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Reproducao_e242433682.jpg)

Culturalmente falando, o México lida com a morte como quem celebra uma festa, um momento único de cumplicidade e paz entre os mortos e os vivos. Lá, eles comemoram o **Dia dos Mortos** no mesmo dia que celebramos Finados, mas lá o evento se estende até o dia 2, e os mexicanos costumam encarar a morte como um momento de reencontro principalmente devido à herança da cultura **Azteca**, povo que habitou a região e costumava celebrar a data como o dia em que os mortos visitam os vivos. Algo parecido com o longa-metragem **Viva: A Vida É Uma Festa**.

![Viva: A vida é uma festa (Foto: Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Viva_A_vida_e_uma_festa_Foto_Reproducao_b5263e6708.jpg)

**O luto e o audiovisual**
A série **WandaVision**, lançada no ano passado na plataforma de streaming **Disney+**, foi uma das grandes descobertas de 2021 quando o assunto é enredo: além de uma narrativa leve, típica dos **estúdios Marvel**, também fala de temas mais pesados, como o luto, de maneira tão sutil que foi inevitável que a frase dita pelo personagem Visão, não viralizasse nas redes sociais: “O que é o luto, se não o amor que fica?”.

![WandaVision (Foto: Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Wanda_Vision_Foto_Reproducao_8fcf0fd568.jpg)

E é justamente com esse questionamento que muitas pessoas puderam fazer uma catarse, em plena pandemia de Covid-19 (para não dizer o auge), conversando sobre o assunto virtualmente, durante o lançamento dos episódios da série. Tudo muito leve, e feito com muita delicadeza – algo que a série da **Amazon Prime Video**, Fleabag, faz de forma mais reflexiva.

![Fleabag (Foto: Divulgação)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Fleabag_Foto_Divulgacao_7b4bf8d97e.webp)

Em **Fleabag**, a protagonista sofre o luto diversas vezes, se escondendo atrás de uma fachada sorridente, sarcástica, e de quebra de quarta parede. É só realmente quando a protagonista começa a viver que a vemos, pouco a pouco, se distanciando da defesa em falar com o espectador para fugir do próprio sofrimento. E vamos, lentamente, descobrindo sua história: uma garota que perdeu a mãe cedo e, nas próprias palavras, “não sabe o que fazer com todo o amor que tinha por ela”. **Fleabag** ganha sua melhor amiga ao receber a seguinte resposta dela: “Me dê. Eu posso ficar com todo esse amor”. E esse vira o fundamento de sua amizade – algo profundo que, tempos depois, a martiriza também, já que sua amiga também se vai.

Por isso, como você pode ver, existem diversas formas de abordar e viver o assunto. E é justamente essa a questão do processo: aceita-lo, vivê-lo, e senti-lo. E levantar a cabeça quantas vezes forem preciso.

**Caso você tenha se interessado por filmes sobre o assunto, ficam aqui algumas sugestões:**
– UP: Altas Aventuras
– PS: Eu te Amo
– Viva: A Vida É Uma Festa
– A Caminho da Lua
– Lilo & Stitch
– As Cinco Pessoas Que Você Encontra no Céu
– Como Eu Era Antes de Você
– As Mães de Chico Xavier
– A Cabana
– Para Sempre Alice

![Pessoas de luto (Foto: Ben White/Unsplash/Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Reproducao_c8f93a8169.jpg)

**O que dizem os especialistas sobre o luto**
O **GPS|Lifetime** entrevistou a psicóloga especialista em **Teoria Cognitiva Comportamental (TCC)**, **Aline Cristine de Souza Melo**, sobre esse assunto tão particular. Para Melo, esse momento varia de pessoa para pessoa e o luto é composto por diversos sentimentos que interagem entre si:

>”O luto é um processo doloroso, que pode ser caracterizado por vários sentimentos e emoções que requer um tempo, varia para cada pessoa. Alguns desses sentimentos podem ser de tristeza, afastamento de suas atividades cotidianas, perda de interesse no mundo externo e até mesmo sentimento de raiva, falta de paciência, dentre outros”, define a psicóloga Aline Cristine de Souza Melo. “Na nossa cultura existe a vivência do luto, onde a pessoa tem seu momento de despedida, o momento para processar a dor da perda. Não estamos totalmente preparados para vivenciar a morte e a perda, por isso, cada pessoa reage de uma forma e precisa de determinado tempo de luto”, completa.

![Idosa sofrendo o luto (Foto: Jeremy Wong/Unsplash/Reprodução)](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/Reproducao_261acd43b5.jpg)

Aline ainda destaca que é importante respeitar o tempo e processo de cada um, bem como sua cultura e formas de vivenciar o momento. “Cada lugar tem sua cultura e sua forma de lidar com o luto, além de cada pessoa ter suas próprias emoções, ou seja, cada um tem uma forma de sentir e de se despedir mesmo que de uma mesma cultura. Cabe as pessoas respeitar e aceitar a maneira de cada um lidar com a dor da perda, a forma como uma lida com o luto não significa que há menos sofrimento ou sentimento de tristeza”, explica.

>”O luto é entendido como uma grande perda. Por isso, o luto não está somente relacionado à morte, mas também a outros tipos de perdas como por exemplo um amigo que vai embora, mudanças de emprego, fim de relacionamentos. Cada pessoa reage de uma forma diante do luto, podemos torna-lo menos doloroso procurando viver esse luto ao invés de negá-lo. Não há forma correta para viver o luto, o essencial é que este seja expressado com as boas lembranças por meio do diálogo e as vezes o choro. Viver o luto é se adaptar à nova realidade. Pedir ajuda na adequação dessa nova realidade, que é o luto, é ser forte”, ressalta a psicóloga Aline Melo.

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