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Amor em quadradinhos: a doce trajetória de Kize Piñon e seus torrones

Os torrones sempre foram memória afetiva na vida de Kize Piñon: ainda na infância, ela e os familiares eram habitualmente presenteados com os doces trazidos da Espanha pela avó. Hoje, além do apego emocional à memória da matriarca, o quitute também significa um recomeço para a empresária.

Mas até chegar nos doces quadradinhos que hoje fazem sucesso entre os brasilienses com a sua ‘torroneria’, foi uma longa estrada. Nascida no Rio Grande do Sul, se mudou para o Rio de Janeiro com dois anos de idade e chegou a viver também em Brasília por três anos, antes de retornar ao Rio. O regresso definitivo à capital só veio quando Kize, já adulta, passou no concurso da Força Aérea Brasileira (FAB) aos 21 anos.

Foi aqui em Brasília onde Kize se firmou profissionalmente e construiu sua família. Casou e teve sua única filha, mas foi o nascimento dela que provocou uma grande mudança em sua mente. Trabalhando em um ambiente majoritariamente machista, Kize se questionava como teria o respeito da filha se ela mesma não se permitia ser respeitada. Pediu exoneração na FAB após oito anos:

“Eu entrei com uma cabeça na Aeronáutica e lá dentro eu fui amadurecendo com o passar do tempo. Ser mãe de uma menina me trouxe vários conflitos de identidade, a ponto de que não havia mais coerência continuar ali”, conta Kize.

Enquanto buscava recomeçar, passou a se dedicar a outras áreas e atuou até como doula. Uma amiga lhe ofereceu sociedade enquanto ainda trabalhava com as gestantes, mas a parceria na doulagem não evoluiu. Como precisavam ganhar dinheiro de uma maneira mais rápida, investiram na confeitaria. E mais uma vez o negócio não perdurou.

Foi nesse momento que Kize se viu em meio a uma grande reviravolta: o fim do seu casamento e o rompimento com a melhor amiga e ex-sócia. Em meio aos acontecimentos, já lidava com o turbilhão de emoções trazidos pela maternidade e não bastando, também uma pandemia.

Lembrou-se do conforto dos torrones trazidos pela avó, e determinada a matar a saudade do doce, correu atrás de quem os produzisse aqui na cidade. Não encontrou ninguém, mas descobriu um curso de torrones artesanais com uma confeiteira de São Paulo e decidiu que aprenderia a fazer.

Foto: Divulgação

A primeira tentativa de seguir a receita dos torrones italianos – mais macios que os espanhóis que Kize saboreava na infância – não foi muito bem sucedida, mas Kize se sentia motivada a continuar e foi fazendo adaptações na receita original até chegar a um consenso que agradasse os brasilienses.

A receptividade aos torrones foi ótima, tendo a primeira produção esgotada totalmente em dois dias. Kize conta que há clientes que compram toda semana, outros que fazem uma compra grande pra ‘estocar’, e que já vem recebendo até encomendas vindas de outros estados.

Hoje, é na cozinha de sua kitnet no Sudoeste que a Piñon Torroneria toma forma. Os vizinhos já estão habituados com o cheiro dos torrones e de outras delícias sendo preparadas. Além do clássico torrone de mel e amêndoas, aos poucos ela foi incorporando outros ingredientes no preparo como pistache, café, cacau, avelãs, cranberries, nozes-pecã e limão. Até hibisco, em uma edição especial do mês da mulher. Todas as receitas dos torrones não levam trigo e nem lactose.

Amaretti, biscoito italiano feito com farinha de amêndoas e licor Amaretto

Panforte de Siena, sobremesa de massa densa e aromática com noz-pecã, avelãs, amêndoas, figo turco, frutas cristalizadas, mel, acúcar, farinha de arroz e especiarias

Grignotines, amêndoas laminadas, pistache, cranberry e flor de sal cobertos com chocolate 40%

Embora o seu carro-chefe seja o torrone, Kize tem se aventurado em outros preparos, todos com retornos muito positivos. Hoje ela também oferece biscoitinhos amaretti, bombons pé de moça, grignotines, torta de gema queimada e o panforte de Siena. A receita do panforte ela obteve por meio de uma cliente, que gostava tanto dos torrones que chegou a pedir que ela preparasse a receita.

Kize conta que em uma das feiras onde costuma expor os produtos, uma brasileira e o marido italiano se aproximaram da empresária. O panforte recebeu elogios do europeu, que ficou surpreso com a possibilidade de ter um doce tão próximo ao que ele comia na Itália, sem a mesma disponibilidade de ingredientes de lá.

Foto: Divulgação

A empresária também tem aproveitado o movimento pré-páscoa e disponibilizou um menu especial aos clientes. Kize conta que as vendas nessa etapa inicial já superaram o total do ano passado, e dentre as suas apostas estão os ovos com recheio de pé de moça; ganache de caramelo salgado e chocolate belga gold; ovo branco com ganache de pistache – que vem sendo ingrediente queridinho desde o natal – e o ovo recheado com o marshmallow dos torrones. Todos disponíveis em três tamanhos diferentes (40g, 240g e 340g), mas para os indecisos, há a opção do kit degustação com mini ovos em cada um dos sabores.

Para o futuro, Kize conta que o principal objetivo é se mudar para uma cozinha maior e melhor equipada, onde possa continuar produzindo suas delícias e disponibilizá-las também para os intolerantes a glúten. E expandir os pontos de venda: é possível encontrar os torrones na Casa do Manjericão (215 norte) e na Mercearia Colaborativa (412 norte), ou encomendando diretamente com a empresária pelo perfil @pinontorroneria.

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