O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, afirmou nesta terça-feira que o governo Javier Milei prevê um ano atual de “estabilização” para o país, com crescimento “significativo” em 2025, que poderia perdurar pelos anos seguintes. A autoridade ressaltou, porém, que para isso é preciso que sejam aprovadas as amplas reformas em tramitação no Congresso, que dariam mais equilíbrio à economia e criariam fundações para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB).
Caputo falou em evento do BTG, em conversa virtual com o chairman e sócio fundador do banco, André Esteves.
O ministro qualificou o Brasil como um “super parceiro” e considerou que as duas nações podem “fazer muito mais” juntas, em matéria econômica. Também comentou que as reformas em andamento no Legislativo argentino “serão um ponto de inflexão” para o país.
Com as metas monetárias e fiscais do governo, o quadro melhorará, previu. “As oportunidades agora na Argentina são boas demais para ser verdade”, afirmou. “Espero que possamos fazer negócios juntos e vocês nos ajudem a melhorar”, disse ainda o ministro. Ele estimou que, após o pacote de medidas ser votado na Câmara dos Deputados, poderia levar menos de um mês para ele passar também no Senado.
“Temos metas para desregular a economia em quase todos os setores”, afirmou, ao citar as medidas lançadas logo no começo do novo governo e agora em discussão no Congresso.
Em uma breve apresentação inicial, Caputo disse que a Argentina vem de décadas de uma “espiral negativa”, com políticas econômicas equivocadas. “É difícil para qualquer empresa ter um futuro claro para poder investir”, considerou. Na avaliação dele, Milei apareceu como um outsider que conseguiu explicar para a população esse processo, dando clareza de que o remédio inicial seria duro, para conseguir o ajuste.
Caputo disse que entre as principais metas do governo estão um ajuste monetário e fiscal, que o banco central não mais financie o Tesouro, com respeito aos contratos e às leis. O pacote enviado ao Congresso “será a base para a Argentina ter um crescimento de longo prazo na próxima década”.
O ministro comentou sobre as dificuldades pela frente, como o apoio do Congresso de maioria oposicionista. Segundo ele, há uma parcela disposta a dialogar com o governo – o ministro elogiou esse segmento. Em outro momento, destacou também a importância de fortalecer as instituições do país. “É o que investidores de longo prazo olham, ao investir”, disse.
Questionado sobre o quadro atual e o do governo de Mauricio Macri (2015-2019), que não foi bem sucedido ao tentar ajustar a economia, Caputo, que teve cargos na administração Macri, inclusive ministro das Finanças entre 2017 e 2018, afirmou que agora a população está “muito mais preparada para a verdade” sobre o quadro econômico.
“A grande diferença é que Milei falou a verdade” sobre o estado da economia na campanha, avaliou o ministro. No caso anterior, “Macri estava quase proibido de mencionar a palavra ajuste fiscal”. O então presidente optou por uma abordagem de redução gradual do déficit fiscal, “que no fim não funcionou”.