No Brasil, o câncer de mama é uma preocupação crescente de saúde pública, com projeções indicando quase 74 mil novos casos até 2025, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Nesse contexto, o Dia Nacional da Mamografia, celebrado nesta segunda-feira (5), destaca-se como um lembrete crucial da importância desse exame na detecção precoce e precisa da doença, que é o tipo mais comum e, infelizmente, o mais letal entre as mulheres no País.
A mamografia, introduzida no Brasil no início da década de 70, permanece como o método mais eficaz e cientificamente validado para reduzir a mortalidade associada a esse tipo de câncer. Segundo as diretrizes para a detecção precoce do Câncer de Mama do INCA (2015), o exame de rastreamento é indicado para mulheres de 50 a 69 anos sem sinais e sintomas da doença, a ser realizada uma vez a cada dois anos.
Vale ressaltar que o procedimento tem finalidade diagnóstica e é indicado principalmente para avaliar alterações mamárias suspeitas em qualquer idade, tanto em mulheres quanto em homens.
Apesar de ser o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo, o de mama é o mais comum entre as mulheres, representando 23% dos casos novos a cada ano. Dados do INCA destacam que a sobrevida em cinco anos, estimada nos países desenvolvidos, é de 85%, enquanto nos subdesenvolvidos permanece entre 50-60%.
Essas diferenças podem ser atribuídas aos estágios mais avançados ao diagnóstico nos países em desenvolvimento e a fatores como a falta de acesso aos serviços de saúde e atrasos na investigação e tratamento.
Importância da mamografia
A mamografia desempenha um papel fundamental na detecção precoce da doença, especialmente quando realizada em mulheres assintomáticas, em uma faixa etária em que os benefícios superam os riscos. Suas vantagens incluem a redução da mortalidade, tratamento em fases mais precoces, maior sobrevida e menor custo social associado à perda de produtividade.
A médica Carla Benetti, coordenadora médica de Imaginologia Mamária, explica a importância do exame. “Mesmo sendo um exame com mais de 50 anos, a tecnologia tem evoluído constantemente. Desde a aprovação do primeiro equipamento digital de mamografia pelo FDA em 2000 até a tomossíntese mamária em 2011, temos avançado na qualidade de imagem e detecção precoce do câncer de mama”, afirma.
Entretanto, apesar da importância da mamografia, o Brasil registrou em 2021 a menor taxa de cobertura mamográfica para mulheres entre 50 e 69 anos, atingindo apenas 17% de alcance, uma queda em relação aos 23% de 2019.
Segundo os dados, a pior taxa pertence ao Distrito Federal, chegando a apenas 4% no período analisado. Esse cenário é preocupante e demonstra a necessidade de intensificar os esforços de conscientização e acesso aos exames preventivos.
As análises foram realizadas a partir dos dados publicados no DATASUS. Algumas bases apresentam números atualizados até 2020, enquanto outras já trazem informações até 2021. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha que 70% da população feminina a partir dos 40 anos realize o exame anualmente.
Cuidados
Para maximizar a precisão dos resultados da mamografia, a especialista Carla Benetti enfatiza algumas recomendações importantes, como evitar o uso de desodorantes e cremes antes do exame, garantir um posicionamento adequado da mama no aparelho e reconhecer a importância de uma equipe multidisciplinar para um tratamento abrangente e eficaz.
Neste Dia Nacional da Mamografia é fundamental que mulheres e profissionais de saúde estejam conscientes da importância da detecção precoce do câncer de mama por meio desse exame, contribuindo assim para a redução da mortalidade e para melhores desfechos no tratamento da doença.