No universo cinematográfico, onde as narrativas e visões de mundo se entrelaçam, a presença feminina tem desempenhado um papel crucial ao longo da história. No entanto, muitas vezes, o trabalho das mulheres por trás das câmeras é negligenciado nos registros históricos da sétima arte. Reconhecendo essa lacuna e buscando honrar o legado de grandes diretoras, o Instituto Francês, em parceria com o Cine Brasília, apresenta a ‘Mostra Pioneiras do Cinema’.
Programada para acontecer de 19 a 24 de janeiro, a mostra é uma imersão no trabalho de diretoras que foram fundamentais na construção da linguagem audiovisual nas primeiras décadas do século passado. O evento gratuito oferecerá aos espectadores a oportunidade de apreciar cinco filmes marcantes, sendo dois médias e três longas-metragens, todos produzidos entre as décadas de 1920 e 1960.
A seleção minuciosa reflete a riqueza da contribuição feminina para o cinema. Entre as obras escolhidas está ‘Pour Don Carlos’ (1921), dirigido por Musidora e Jacques Lasseyne, uma adaptação do romance homônimo de Pierre Benoit. O filme transporta os espectadores para um universo encantador, onde a direção conjunta dessas diretoras pioneiras deixa sua marca.
Destacando-se como um marco na história do feminismo cinematográfico, ‘A Sorridente Madame Beudet’ (1923) de Germaine Dulac é amplamente reconhecido como o primeiro filme verdadeiramente feminista. O longa explora temas de opressão e anseio por libertação, oferecendo uma perspectiva única e provocativa.
Outra pérola na programação é ‘O Rei dos Elfos’ (1930) de Marie-Louise Iribe, uma adaptação inspirada no poema ‘Der Erlkönig’ de Johann Wolfgang von Goethe. Este filme, com sua abordagem visual arrojada, transporta os espectadores para um mundo de fantasia e poesia.
‘Paris 1900’ (1946) de Nicole Vedrès é uma crônica envolvente da vida parisiense entre 1900 e 1914, enquanto “Cléo de 5 à 7” (1962), dirigido por Agnès Varda, representa um marco emblemático da Nouvelle Vague, movimento que revolucionou o cinema francês.
Todos os filmes apresentados na mostra possuem classificação indicativa livre, permitindo que espectadores de todas as idades mergulhem nas obras dessas diretoras visionárias. Além disso, as exibições serão realizadas em francês, com legendas em português, garantindo uma experiência acessível e inclusiva para o público.