A Justiça dos Estados Unidos está em busca de Patrícia Lélis, uma brasileira foragida acusada de crimes que incluem forjar formulários de imigração e realizar uma fraude milionária. Com 29 anos de idade, a jornalista de Brasília e moradora dos Estados Unidos é acusada de criar múltiplas assinaturas, falsificar recibos e aplicar um golpe no valor de 700 mil dólares, aproximadamente R$ 3,4 milhões em conversão direta.
Caso seja capturada, a brasileira pode enfrentar uma condenação de mais de 30 anos de prisão pelos crimes federais que lhe são imputados. O alerta de busca por Patrícia Lélis está disponível em um site oficial do sistema judiciário norte-americano.
Em uma publicação na plataforma X, antigo Twitter, Patrícia confirmou que está sendo procurada: “Sim, o FBI nos EUA está me ‘procurando’. Mas já sabem exatamente onde estou, como exilada política. Foram meses de perseguições e falsas acusações”, declarou.
A acusação alega que Patrícia Lélis se passou por uma advogada de imigração capaz de “auxiliar” estrangeiros na obtenção de vistos com residência permanente nos Estados Unidos. Em setembro de 2021, ela enviou um contrato a uma vítima, prometendo ajuda para obtenção de documentos para os pais dela. A vítima realizou dois pagamentos iniciais, totalizando mais de 135 mil dólares.
Entretanto, o dinheiro foi alegadamente desviado para a conta pessoal de Lélis. Ao invés de investi-lo conforme prometido, ela teria utilizado os recursos para quitar a entrada de sua casa em Arlington, custos de reformas e outras despesas pessoais, incluindo dívidas de cartão de crédito. Para dar autenticidade ao esquema fraudulento, Patrícia teria inventado um número de processo fictício que alegava estar em tramitação judicial. Ela também é acusada de persuadir amigos a se passarem por funcionários de um suposto fundo de investimento no Texas, em chamadas telefônicas e videoconferências com uma das vítimas. Diante da recusa da vítima em enviar mais dinheiro, Lélis teria ameaçado os pais dela.
Histórico controverso
Em 2016, Patrícia Lélis ganhou notoriedade ao acusar o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) de estupro. A Justiça de Brasília, no entanto, arquivou a denúncia após o Ministério Público do Distrito Federal argumentar falta de elementos que sustentassem a ação penal. Posteriormente, ela foi denunciada por falsa comunicação de crime e extorsão de Talma Bauer, então chefe do gabinete de Feliciano.
Em 2017, Lélis acusou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de ameaças após ofensas. Contudo, um relatório da Polícia Civil do DF, quatro anos depois, indicou sinais de denunciação caluniosa por parte dela. Na época, ela trabalhava no PSC, então partido de Eduardo Bolsonaro, seu suposto namorado àquela altura.
Além disso, Lélis concorreu sem sucesso ao cargo de deputada federal pelo antigo PROS em 2018 e foi investigada internamente pelo PT por declarações consideradas transfóbicas em 2021, quando ainda era filiada ao partido.
Durante um laudo emitido pela Polícia Civil do DF, Lélis foi apontada como “mitomaníaca”, transtorno que faz com que a pessoa minta de forma contumaz.