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Uma tragédia da vida real se torna história de superação

A psicóloga especialista em aerofobia Wendy Evangelista tem o desenho de um avião tatuado no antebraço para simbolizar a sua relação com a aviação. Com fobia de voar, a profissional da saúde entrou para o ramo após viver traumas na infância e ficar 10 anos longe de viagens de avião.

O nome de Wendy foi escolhido pelo pai, Salvador Evangelista, um piloto apaixonado por aviões, música e pela filha. Ele foi brutalmente assassinado enquanto trabalhava como copiloto do voo 375, da companhia aérea Vasp, em 1988. A filha contou ao Estadão que ele não estava escalado para aquele dia, mas adiantou o trabalho para participar de seu aniversário de 8 anos

Salvador, no entanto, entrou na aeronave que Raimundo Nonato planejou sequestrar. Insatisfeito com a economia do País, ele tinha o objetivo de jogar o avião 375 da Vasp no Palácio do Planalto e matar o então presidente do Brasil, José Sarney – além das 100 pessoas a bordo. A história é contada no novo filme da Starplus, O Sequestro do Voo 375, dirigido por Marcus Baldini, de Bruna Surfistinha e O Rei da TV, com produção de Joana Henning e Constâncio Viana, em cartaz nos cinemas brasileiros desde 7 de dezembro.

A trama baseada em fatos reais mostra o comandante Fernando Murilo salvando os passageiros, a tripulação e a si próprio. Ele realiza manobras arriscadas para tentar desarmar o sequestrador e evitar uma tragédia maior. Mas a história heroica não teve um final exatamente feliz, já que Salvador Evangelista levou um tiro na região da nuca e morreu na hora, aos 34 anos, deixando Wendy, sua única filha.

O assassinato de Salvador foi apenas o primeiro de uma sequência de traumas de Wendy com aviões. Em 1989, um ano depois da morte do piloto, o padrasto de Wendy morreu na queda de um voo de pequeno porte. E, em 1994, a psicóloga teve de acompanhar o transporte do corpo da irmã em um avião após ela morrer em um acidente de carro.

As tragédias fizeram com que Wendy se esquecesse da paixão com a qual seu pai a apresentou à aviação e desenvolvesse fobia de aeronaves – a ponto de não poder pisar em um aeroporto sem ter um ataque de pânico. “O avião era a extensão da minha casa”, relembra ela sobre a infância, quando viajava tanto na cabine com o pai que chegou a estar matriculada em duas escolas ao mesmo tempo, em diferentes Estados.

 

Filho a levou a buscar ajuda e experiência pessoal foi base para especialização no tema

A psicóloga Wendy Evangelista não entende como, mas tem fortes memórias da época na qual viveu com o pai Salvador viajando por aí até os 7 anos – idade que tinha quando ele morreu.

Ela se recorda até dos hotéis onde se hospedavam e de brincar com os filhos dos tripulantes, mas não sabia se essas lembranças eram reais ou inventadas. Conversando com a tripulação de seu pai, descobriu que sua memória ia mais longe do que imaginava. Agora, ela quer lembrar dele em vida.

“Meu pai colocava a vida em cada dia que tinha. Ele não era só apaixonado por aviação, por música e por ser pai. Ele era apaixonado pela vida. É como se ele soubesse que teria pouco tempo”, diz Wendy, emocionada, ao Estadão.

Salvador também era próximo de Fernando Murilo, que pilotava o voo 375 da Vasp e realizou manobras jamais vistas para uma aeronave comercial. Uma das memórias de Wendy era a de visitar a família do piloto e receber o apelido carinhoso de “pirralha” do filho do comandante. Mas, por muito tempo, Murilo achou que Wendy tivesse morrido em um acidente de carro que, na realidade, matou sua irmã e o filho de seu padrasto.

Como Murilo não sabia que a psicóloga tinha uma meia-irmã por parte de mãe, acreditou que era Wendy quem tinha morrido naquele acidente. “Ele achou que eu estivesse morta”, relembra. O piloto só descobriu que Wendy estava viva anos depois, quando ela encontrou uma foto dos dois no livro Caixa Preta (de Ivan Sant’Anna, em 2000), que fala sobre o voo e tentou contato com Murilo. Quando os dois se viram novamente, Murilo chorou como uma criança.

 

A VIRADA

Mãe de três, Wendy enfrentou o medo de avião para viajar com os filhos. Quando o caçula, Rafael, imitou o comandante após ele falar com os passageiros em um voo, a psicóloga teve certeza de que queria superar sua fobia.

“Quando meu filho era pequenininho e mal falava direito, ele ficou em pé quando o comandante falou com a aeronave: ‘Sim, senhor capitão!’. Nossa! Ele achou o máximo estar ali dentro. Então, eu percebi que não dava para continuar daquele jeito”, contou ela.

Wendy procurou ajuda especializada, mas não encontrou ninguém. O canal no YouTube Aviões e Músicas, que explica o funcionamento de aeronaves e desastres aéreos, a auxiliou nesse processo.

Ela seguiu estudando até que se tornou psicóloga especializada em aerofobia. Hoje, a filha de Salvador ressignificou o trauma atendendo pacientes que também sofrem com medo de avião.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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