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Especialista explica como planejar gastos no fim do ano

Famílias com menos e, até mesmo, abastadas de recursos financeiros devem redobrar a organização financeira quando chega o final do ano. Isso porque nessa época aumentam os gastos com viagens, confraternizações, presentes, roupas e supermercado. A dica é do especialista financeiro, Leonardo Ces, que atua na empresa de consultoria patrimonial IBBRA. Segundo ele, o aumento do consumo neste período do ano associado à falta de organização financeira pode afetar significativamente as famílias que elevam o endividamento, podendo gerar uma crise financeira e redução do patrimônio.

“E como podemos curtir esse final de ano, viajando, festando e comprando presente para todos sem comprometer o próximo ano? Como se organizar para que seja possível fazer essa ‘felicidade’ durar muito?”, questiona o profissional. Leonardo Ces esclarece que a orientação para se organizar para o final de ano é o mesmo que vale para todos os momentos da vida. Não existem soluções mágicas, mas há soluções simplificadas que podem ser aplicadas.

Primeiro, é importante fazer duas análises. “A primeira é psicológica, com foco emocional, voltada para o momento de final de ano para entender mais sobre si mesmo e sua própria mente. A segunda é racional que, combinada com a primeira análise, vai permitir que você tenha uma melhor avaliação para seguir sempre organizado, fazendo todas suas vontades aos finais de ano e na vida”, disse.

Leonardo Ces destaca que, quando se fala de viagens, festas e presentes no fim do ano, estamos falando de gerar momentos de alegria, de felicidade e leveza para a mente e para a alma. Isso porque, a maioria das pessoas, ao se findar um ano, sente o peso nas costas do alto volume de trabalho feito, do desgaste emocional e físico, além dos momentos intensos. Então, elas buscam saídas para aliviar e relaxar.

“Buscamos qualquer coisa que nos faça liberar a famosa ‘dopamina’, buscamos momentos e formas de sentir a tão sonhada felicidade. E é aqui que nosso cérebro começa a nos pregar peças. Quem disse que para conseguirmos essa felicidade, precisamos torrar o dinheiro que temos e o que não temos? Um ponto de reflexão: Uma família que tenha uma renda familiar metade da sua, não tem a possibilidade de alcançar essa felicidade no final do ano também? Ela vai ser triste e você vai ser feliz? Onde quero chegar com essas perguntas? Que nosso cérebro libera dopamina toda vez que gastamos dinheiro, quanto mais gastar, mais dopamina ele libera?”, ressalta Ces.

Ele explica que é por isso que ‘não existe um limite’ e quem não aprende a substituir o gastar para gerar felicidade por outro tipo ação que gere essa mesma felicidade, pode ter uma altíssima renda mensal que sempre vai se ver na mesma situação ao final do ano. “O processo químico aqui é o mesmo na dieta, também liberamos dopamina ao comer chocolate por exemplo e, por isso, é muito comum os nutricionistas orientarem substituição do chocolate por outro alimento mais saudável toda vez que a vontade aparecer. A lógica é a mesma quando falamos de gastar dinheiro Quanto maior for o ganho mensal, maior vai ter que ser o gasto para liberar a dopamina”, esclarece.

Segundo ele, quando uma pessoa entender que a viagem no final do ano não precisa ser a que gaste todo a renda para proporcionar felicidade e que os presentes não precisam ser os mais caros para gerar felicidade para a pessoa amada, ela conseguirá passar para o passo racional. Nesta etapa, ela vai entender que é possível aproveitar todas as viagens, festas e presentes de finais de ano, ser a pessoa mais feliz do mundo, aliviar as tensões, relaxar e se preparar para o próximo ano sem precisar se enforcar financeiramente ou fazer qualquer loucura com seu dinheiro.

“Se você entendeu que a felicidade não é uma busca, você simplesmente escolhe sentir-se feliz com o que está ao seu alcance, já podemos começar a mexer com planilhas e números. Essa é uma boa época para se organizar, mas melhor ainda vai ser se você começar hoje a se organizar para o próximo final de ano. Com tempo, como deve ser”, orienta.

De acordo com ele, por mais dinheiro que você possa ter, nunca será possível fazer tudo que o mercado oferece como opção. Por isso, o primeiro passo é definir exatamente quais são os itens que você gostaria de fazer com sua família nesse (ou no próximo) final de ano. Viagem? Presentes? Festas? Passeios? Escreva tudo. Depois comece a criar um orçamento para cada uma dessas categorias. Some tudo. Coube no seu bolso? Se a resposta for sim, significa que você já sabe montar um orçamento de acordo com sua realidade e não passa perrengues aos finais de ano. 

Se sua resposta foi não, o especialista recomenda passar para o próximo passo ao montar um orçamento. Prioridades! O que te faz mais feliz? Manter o orçamento da sua viagem e reduzir o valor dos presentes e passeios? Ou diminuir o orçamento da viagem e distribuir o valor em todas as categorias? Aqui você começa a brincar com os números. E, caso você não tenha um orçamento previsto, já está com as contas todas comprometidas, talvez esse seja o momento para você começar a se organizar para o próximo ao invés de forçar a barra neste.

Uma tabela simples, escrevendo quais as coisas que você quer fazer e quanto elas vão custar já vai te resolver para não ter surpresas e conseguir controlar as contas. E caso apareça alguma conta que não estava prevista, você vai na tabela e corta o valor do imprevisto de algum dos valores previstos. Tudo isso, são teorias praticadas em empresas, que podem de maneira simples, serem adotadas na vida pessoal.

Para fechar, o sucesso de um orçamento, depende das pessoas envolvidas nele. Não adianta uma pessoa fazer todas as contas se existem 4 ou 5 na família gastando. Todos os integrantes da família precisam estar envolvidos nesse “jogo” do orçamento, definição de prioridades, acompanhamento dos gastos. Assim, todos vão querer ganhar esse jogo que é se divertir e aproveitar tudo sem que tenham que abrir mão de fazer o mesmo no ano seguinte. Monte um placar para que todos possam acompanhar o resultado desse jogo e crie uma comemoração caso consigam ganha-lo, e claro, não se esqueçam de incluir o valor da comemoração no orçamento! Então, quando alguém quiser comprar um brinquedo que viu no shopping, já vai saber que durante a viagem não vai ter passeio de bugue na praia.

Resumindo a dica de Leonardo Ces:

Número 1 – “Entenda que você não precisa gastar mais dinheiro para ser mais feliz. A felicidade vem de dentro e não de fora, aprenda a substituir o fato gerador da felicidade”.

Número 2 – “Monte um orçamento com prioridades em uma tabela simples, envolva sua família nesse orçamento, todos têm que participar. E qualquer imprevisto, revise a tabela, faça os ajustes necessários. E não se esqueça de acompanhar o placar desse jogo”.

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