Brasília é uma cidade marcada pela arquitetura única, símbolo da modernidade brasileira. E, no coração da capital, ergueu-se majestosamente o Teatro Nacional Cláudio Santoro, um dos mais importantes espaços culturais do País. Por décadas, a obra de Oscar Niemeyer abrigou inúmeras manifestações artísticas e culturais, sendo palco de peças teatrais, concertos musicais, apresentações de dança e muito mais.
Fechado desde janeiro de 2014, após recomendações por não atender normas de acessibilidade e segurança, o Teatro Nacional passa por uma fase de renovação, com intervenções que visam resgatar seu esplendor original, modernizar suas instalações e garantir a segurança e acessibilidade para o público. “O Teatro Nacional é um ícone, uma referência para todo brasiliense e um teatro da nossa nação; em nenhum outro lugar do Brasil existe um teatro nacional como o de Brasília”, destacou o secretário de Cultura do Distrito Federal, Cláudio Abrantes.
A primeira etapa contempla a reforma da Sala Martins Pena, com investimento na casa dos R$ 50 milhões, para revitalização das áreas de palco e plateia, além de tratamento das armações expostas e escavação da sala para o gerador de energia. A sala conta com um palco de 235 m², que terá todo o piso restaurado. A capacidade de público será ampliada de 407 para 497 lugares. O projeto inclui a construção de uma nova arquibancada, onde serão dispostas as poltronas e escadas de acesso ao público. O foyer também será renovado com um novo forro, tornando o ambiente ainda mais acolhedor.
“É uma obra complexa, que envolve o patrimônio cultural de Oscar Niemeyer. Projetamos entregar a parte Martins Pena no segundo semestre do próximo ano, com intervenções para o uso da população”, destacou Abrantes.
E não é apenas o interior do teatro que está recebendo atenção: obras significativas também estão em curso no entorno do edifício. Uma das mudanças notáveis é a construção de um reservatório de incêndio na lateral do teatro. Essa estrutura, com área de 202 m², está sendo realizada para assegurar o combate a incêndios e atender a todas as necessidades do teatro, garantindo a segurança de artistas e espectadores.
A segurança e a acessibilidade são prioridades no projeto de renovação do Teatro Nacional Cláudio Santoro. “As obras estão seguindo o cronograma estabelecido e cumprindo todas as exigências legais para garantir acessibilidade e segurança aos espectadores que, em breve, reocuparão o espaço”, disse o secretário.
A próxima etapa abrangerá o revestimento de piso, parede e teto dos camarins e das salas de apoio. Além disso, importantes melhorias serão realizadas nas instalações elétricas, hidráulicas e no sistema de ar-condicionado, garantindo o conforto e o bem-estar de todos no nosso cartão-postal, para iniciar a etapa seguinte das obras, que beneficiarão a principal sala, a Villa-Lobos – com capacidade de 1.407 lugares e palco de 450 m². “A parte da Villa-Lobos é extremamente complexa, ainda estamos dialogando com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural do Brasil) e com a empresa responsável pelo projeto, com captação de recursos positiva. Esperamos lançar a licitação da segunda parte no início do próximo ano”, destacou Abrantes.
Apesar dos transtornos temporários causados pelas obras, a promessa de um Teatro Nacional renovado e deslumbrante é motivo de entusiasmo e esperança para toda a comunidade cultural de Brasília. Em breve, esse icônico espaço cultural voltará a brilhar com todo o seu esplendor. Ouviremos, novamente, o ecoar das vozes, das músicas e dos aplausos.
Sobre o Teatro Nacional de Brasília
- O icônico Teatro Nacional de Brasília, originalmente chamado assim até 1989, foi concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Em 1958, Niemeyer embarcou em sua primeira onda de projetos para a capital e desenhou o teatro com a intenção de torná-lo o epicentro cultural da nova capital.
- Para dar vida ao projeto, Niemeyer uniu forças com o talentoso pintor e cenógrafo Aldo Calvo. Juntos, eles deram vida a três esboços iniciais, passando de um formato circular para a impressionante forma piramidal que hoje conhecemos.
- Os cálculos estruturais que sustentam o Teatro Nacional foram realizados por Bruno Contarini, engenheiro que colaborou frequentemente com Niemeyer em seus projetos arquitetônicos audaciosos.
- A construção teve início em 30 de julho de 1960, mas após a conclusão da estrutura principal, em 30 de janeiro de 1961, a obra ficou paralisada por cinco anos. Durante essa fase, o espaço foi usado improvisadamente para uma variedade de eventos, desde competições esportivas até missas e festas.
- A renomada Sala Martins Pena, concluída em 1966, permaneceu como a única parte concluída do Teatro Nacional por algum tempo. O famoso painel de blocos nas laterais, criado por Athos Bulcão, conferiu um toque artístico único ao edifício. Anos após, em 1981, a sala Villa-Lobos virou a principal sala do Teatro Nacional e a única sala de ópera e ballet da cidade.
- Em 1975, o Governo do Distrito Federal pediu a ajuda de Niemeyer para concluir o projeto. Embora o arquiteto não pudesse supervisionar a obra, uma equipe de talentosos profissionais, incluindo o arquiteto Milton Ramos, Aldo Calvo, Athos Bulcão e outros, refinou e adaptou o projeto original para as mudanças artísticas que haviam ocorrido desde sua concepção.
- Após anos de esforço, o Teatro Nacional de Brasília finalmente abriu suas portas completas em 21 de abril de 1981, no 21º aniversário da cidade. A última parte da obra, o anexo, completou a visão original.
- A grandiosa construção requereu 16 mil metros cúbicos de concreto e aproximadamente 1.600 toneladas de aço, evidenciando a magnitude do projeto.
- Em 1989, após a morte do maestro e compositor Cláudio Santoro, que dirigiu a orquestra do teatro desde 1979, o local recebeu seu nome atual como uma homenagem a esse importante ícone cultural.