Por Gabriel de Sousa
A Câmara dos Deputados fará uma audiência pública nesta semana para discutir a criação de mais um “dia de alguma coisa”. Mais de 70% dos dias do ano já têm algo a ser celebrado, e 14 de fevereiro pode ganhar uma festividade própria e se tornar o Dia Nacional do Brega.
Artistas e produtores do brega vão se reunir em reunião da Comissão de Cultura na terça-feira (21) para debater sobre a criação e inserção da data no calendário nacional. O projeto de lei que trata sobre o tema é de autoria do deputado Pedro Campos (PSB-PE).
A audiência terá a participação de sete cantores e produtores do gênero. Estarão na reunião os artistas Conde, que fez sucesso nos anos 1990 e 2000 no grupo Só Brega; Dany Myler, ex-vocalista dos grupos Garotões do Forró e Capital do Sol e famosa pela canção “A mulher dos meus sonhos”; e Michelle Melo, ex-vocalista da Banda Metade.
Também participarão da audiência Anderson Neiff, um dos principais nomes do gênero brega funk hoje, com músicas como “Noite das safadas” e “Posturado”; Betinho Rossi, filho do falecido artista Reginaldo Rossi, que é considerado o maior expoente do brega no Brasil; e os produtores musicais Alexandre Vinícius e Rodrigo Meli.
O requerimento para a audiência é de autoria da deputada Lídice da Mata (PSB-BA), que defendeu a realização de uma audiência pública no Legislativo diante da “relevância social, cultural e histórica” do gênero musical.
“A música brega possui raízes profundas na diversidade do Brasil, refletindo as nuances culturais de diferentes regiões do País. Ela se destaca por sua capacidade de conectar gerações, servindo como uma trilha sonora para momentos significativos na vida das pessoas”, afirmou a deputada no pedido para realização da reunião no colegiado.
No requerimento de Lídice, há convite também para a participação da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e da cantora de brega e carimbó Joelma na audiência. As duas não aparecem na agenda oficial da Câmara até o momento. O Estadão procurou a ministra e a artista, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
A audiência vai debater o projeto de lei de Pedro Campos, apresentado no dia 27 de setembro. O deputado, filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, justificou a criação de uma data nacional para o brega como uma homenagem a um “fenômeno cultural que ultrapassa as barreiras da música”.
“Ele influencia a moda, o estilo de vida e até mesmo a maneira como as pessoas se relacionam com suas emoções e experiências pessoais. O termo ‘brega’ frequentemente engloba uma atitude desafiadora em relação às convenções estéticas, encorajando a autenticidade e a expressão individual”, disse o parlamentar na proposta.
Parlamentares passam horas discutindo criação de datas comemorativas
Levantamento do Estadão mostrou que, até agosto, celebrações entraram para o calendário brasileiro por meio de 266 projetos de lei aprovados pelo Congresso Nacional, portarias e decretos sancionados pela Presidência da República ao longo de mais de 60 anos.
Em 2023, há mais de 90 propostas de criação de dias nacionais. Estão, entre elas, o dia nacional do padrasto e da madrasta, das artes marciais, do futebol, dos defensores de animais, do imigrante grego, do acolhimento familiar, da advocacia municipalista, da música gospel, do tiro esportivo, dos recifes de coral e ambientes coralíneos, entre outros.
O projeto de Campos tramita na Comissão de Cultura da Câmara. Caso seja aprovado pelo colegiado, será apreciado pelo plenário da Câmara e, depois, seguirá para o Senado Federal. Se for aceito pelos senadores, o texto passará pela sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).