Brasília está prestes a vivenciar um momento de intensa emoção no mundo do tênis, com a realização dos play-offs da Billie Jean King Cup, nos dias 10 e 11 de novembro. Para algumas pessoas, a competição não é uma novidade. É o caso da ex-tenista brasiliense Claudia Chabalgoity, que jogou a BJK Cup em 1990 e em 1991, além de ter colaborado na organização do torneio na última vez em que ele veio para Brasília, em 1998. Após a carreira vitoriosa no esporte, ela atualmente comanda um projeto social que leva o tênis para pessoas com deficiência.
Claudia Chabalgoity iniciou sua caminhada como tenista profissional em 1989, conquistando um lugar de destaque nas quadras internacionais. Ela acumulou uma importante lista de realizações, incluindo três títulos de campeã em torneios de US$ 25.000 na Espanha, São Paulo e Grécia. A habilidade nas duplas também se destacou, com o título de vice-campeã na Rainha Cup, que valeu US$ 75.000.
Em 1990, Claudia Chabalgoity foi reconhecida como a Melhor Tenista Profissional Brasileira pelo Júri Nacional de Imprensa e Federações, além de ter representado o Brasil nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992.
Após a carreira profissional, Claudia não abandonou o tênis. Direcionou a paixão para o desenvolvimento do esporte. Ela se tornou técnica da equipe brasileira feminina que disputou os Jogos Pan-Americanos na Argentina, em 1994, e também treinou tenistas renomadas como Vanessa Menga e Eugênia Maia.
No entanto, o ápice de sua dedicação social ao tênis foi a criação do projeto ‘Tô no Jogo’, iniciativa inclusiva que visa promover o desenvolvimento de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), neurodiversos e deficientes físicos, juntamente com seus familiares e comunidade.
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O projeto oferece atividades esportivas adaptadas e terapias complementares gratuitamente, fornecendo material, uniforme, orientação de consultores especializados e coordenação geral. Essa ação acontece em escolas, centros esportivos públicos e instituições parceiras em todo o Brasil.
Claudia falou com o GPS | Brasília para dar um panorama sobre a BJK Cup e o futuro do tênis no Brasil. Confira!
Já tivemos outra edição da BJK Cup aqui em Brasília. Você lembra dos jogos em 1998?
Claudia Chabalgoity: A gente teve uma Federation Cup (antigo nome da BJK Cup) em Brasília, na Academia de Tênis. Eu até ajudei na organização. E os eventos são muito importantes para chamar a atenção para o esporte. Brasília sempre foi uma capital de onde saíram muitos atletas. Então, acho que é importante para atrair público e interesse para o jogo.
O Time Brasil BRB de tênis estará completo na competição. O que você achou disso?
Eu acho importante a vinda do evento para Brasília. É legal o pessoal assistir à Bia Haddad de perto. Ela é hoje o expoente do tênis no País, então, para a gente de Brasília, é realmente um fato importantíssimo.
Você nunca abandonou o tênis. Mesmo após parar, continua atuando no esporte, agora em movimentos sociais. Qual é a importância do tênis para você?
O tênis foi o que eu sempre fiz. Eu cheguei a um momento na minha carreira em que percebi que essa questão da competição não cabia mais para mim. E tive uma lesão no ombro e não tinha mais como competir de igual para igual. Então, comecei a olhar para projetos sociais. Foi quando me apareceu o tênis em cadeira de rodas e fez a junção que eu buscava, porque é colocar a experiência da carreira junto a trabalho social. Depois de um tempo, comecei a olhar para autistas, pessoas com deficiências intelectuais e síndrome de Down. Então, hoje, a gente trabalha com todas essas pessoas com limites, tanto o limite físico quanto intelectual.
Por que o trabalho social? O que te levou a querer ajudar o próximo dessa forma?
Ah, foi o coração, foi a causa. Foi também a exclusão dessas pessoas. Eu queria incluí-las. É uma questão de sensibilidade, de missão de vida e de desejo de transformar esse mundo em um mundo melhor. Então, peguei a ferramenta que eu mais conheço, que é o tênis, e a usei para começar a fazer uma diferença, mesmo que pequena.
Como você enxerga o cenário do tênis no País hoje?
Ele está em um momento muito bom, bem legal. As meninas estão representando bem. Acho que a Confederação vem fazendo um bom trabalho também de estruturação e de capacitação de professores, que é muito importante. O futuro vai dizer, mas eu estou acreditando que a gente vai começar a ter cada vez mais atletas entre os 100 melhores do mundo.