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Edson Fernandes, o artista brasileiro citado pela bisneta de Matisse

Em uma entrevista à Harper’s Bazaar, um nome brasileiro surge em meio às linhas escritas sobre Gaïa Jacquet-Matisse, filha de dois artistas renomados mundialmente, além, claro, de bisneta de Henry Matisse, o modernista do fauvismo. O brasileiro chama atenção. Ele é um artista contemporâneo, ligado a diversas linguagens da arte e expressivo por natureza. Seu perfil no Instagram pode não ser repleto de seguidores, mas não são seguidores que demonstram a qualidade de uma obra e, principalmente, a genialidade de um artista. Edson Fernandes traz uma arte intuitiva, bela e referencial para os anais da arte brasileira.

É nascido em São Paulo, mas considerando-se um mineiro de coração, Edson é um artista contemporâneo multifacetado que mergulha na dança, na pintura e no desenho para criar obras que transcendem o convencional. Sua jornada não é tão recente, começou a estudar dança na cidade onde cresceu, Uberaba (MG), ainda aos 12 anos. Suas primeiras incursões foram no jazz e no ballet clássico, mas foi na dança moderna e contemporânea que ele encontrou sua verdadeira paixão. A liberdade de experimentar movimentos não tradicionais e convencionais cativou sua imaginação, impulsionando-o em direção à arte contemporânea.

A dança foi apenas o começo. Edson também é um artista plástico talentoso, e seu trabalho é uma fusão única dessas duas formas de expressão. Suas pinturas e desenhos são intrinsecamente ligados à dança, e ele descreve a performance como seu “motor artístico”. Ele não apenas dança e dá vida à pintura, mas também pinta os movimentos, criando uma sinergia surpreendente entre essas duas formas de arte.

“Hoje em dia o meu trabalho é pautado justamente nessa mistura de artes plásticas com artes cênicas. A performance é meu motor artístico. A ideia de dançar e movimentar a pintura e os desenhos e ao mesmo tempo desenhar e pintar os movimentos, isso é o que realmente me alimenta”, conta.

 
 
 
 
 
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Uma curiosidade, é que a arte, por um bom tempo, dividiu um lugar especial no coração de Edson. Pensou em seguir carreira no futebol, mas logo percebeu que sua alma estava nas Artes e que a profundidade com a qual gostaria de viver precisava ser expressa a partir de uma relação mais leve com as coisas ao seu redor. 

“Na verdade eu jogava futebol. Eu gostava muito de futebol. Mas depois que comecei a dançar e percebi que a arte era uma forma de eu realmente expressar ou discutir o desconhecido em mim. A partir desse contato com a arte, iniciei uma busca por ser artista e viver nesse universo”, relembra.

A partir da decisão do caminho que seguiria, Edson buscou profissionalizar-se e, claro, inspirar-se naquilo  que definiria todo o seu futuro. Suas principais fontes de inspiração, no entanto, não seguem uma linha contínua, mas surgem de momentos de caos e inquietação. A palavra e a poesia são fundamentais para seu trabalho, proporcionando uma base sólida para suas criações. Ele menciona uma série de influências artísticas, de Leonilson e Basquiat a Pina Bausch e Cy Twombly, que o estimulam e provocam de diferentes maneiras.

Inclusive, no meio da entrevista, Edson criou de forma muito natural um poema relacionado a sua construção como artista:

“..Eu gosto de dançar linhas.
Gosto de desenhar movimentos.
Gosto de pintar o que tem dentro.
O que importa é a imensidão das pequenas coisas.
Quando estou dançando, desenhando ou pintando, entro como se fosse um rio.
Não tenho ar para respirar.
É onde eu gosto de morar.
Isso é o que me inspira,
O desespero e a poesia..” 
Edson Fernandes 

Quando se trata de suas criações, o artista pinta o que não pode ser diretamente tocado. Seu trabalho é uma exploração de sonhos, tormentas, jardins e desejos, e ele admite que raramente tem uma ideia clara do que quer dizer com sua arte. É essa busca constante pelo desconhecido e a exploração de subjetividades que o impulsiona a pintar.

Uma característica notável do trabalho de Edson é a presença recorrente de elementos como corpos, flores e escadas. Ele não procura categorizar esses elementos, mas sim explorar as conexões que eles estabelecem com a vida e a existência humana. Para ele, a arte é uma ferramenta para discutir questões mais profundas do que apenas a beleza estética.

“Esses elementos, figuras, objetos e coisas são estéticas e poéticas muito presentes no meu trabalho. São desdobramentos e extensões de mim mesmo e de um mundo que está ao meu redor”, explica.

Amizade com Gaïa Jacquet-Matisse

Um casal de amigos que moram na França apresentaram Gaïa e Edson em 2022. Na cidade das luzes, o trabalho do artista brasileiro iluminou a francesa e chamou atenção a ponto de começarem a trabalhar junto. Antes Gaïa era mais conhecida por ser um membro da alta sociedade ligada à moda, festas e um estilo de vida intenso. Agora, Gaïa tem se concentrado em seu trabalho como curadora. O olhar que alcançou Edson, veio da sensibilidade aos artistas emergentes e todo o potencial que esses têm de transformar o mundo por suas linguagens.

“A partir desse contato, Gaïa e eu começamos a trabalhar juntos. Nossa relação é plena de respeito, carinho e profissionalismo. Assim eu produzo as obras e ela cria extensões nas galerias, com galeristas e possíveis compradores. Estamos projetando novas parcerias. Mantemos o contato e discutimos sobre produção e exposições”, conta Edson.

Exposições pelo Brasil e pelo mundo

Edson já teve a oportunidade de expor seu trabalho em diversos locais, tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo cidades como Chamonix (França), Aveiro (Portugal), Los Angeles (EUA) e Oostende (Bélgica). No Brasil, mostrou sua arte em Ribeirão Preto, São Paulo e claro, em sua cidade do coração, Uberaba (MG).

Atualmente, Edson vive e trabalha em Uberaba, onde seu ateliê é também sua casa. Além de criar constantemente, ele dá aulas de arte intuitiva e está envolvido em diversos projetos artísticos na cidade, incluindo o Nu.C.A (Núcleo Contemporâneo das Artes) e o Grupo de Estudos Artísticos G.A.S (Grupo Arte Somada).

Sobre a atual situação da arte no Brasil, Edson reconhece a riqueza cultural do país, mas também destaca a falta de apoio e reconhecimento.

“Ainda há pessoas que não reconhecem a profissão de um artista, e isso é um atraso já que a arte gera tanto trabalho e emprego, além de alimentar a economia. Ainda há pessoas que me perguntam qual é o meu trabalho além de ser artista. Infelizmente, não há uma valorização honesta para as pessoas que trabalham com arte. Para mim, a arte não é um hobby. A arte é trabalho, ofício e dedicação constante”, finaliza.

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