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Nego Zafa traz em 365 obras memórias afro e indígena

“A exposição Traços de Memória nasce a partir do meu fazer diário”, afirma Nego Zafa. O artista é reconhecido por trazer à tona a cultura africana e suas influências no Brasil. Ele é de Brasília, nascido no Gama. Foi pela região administrativa, que a sua base imaginária formou-se. “Eu desenhava muito nas pedras e até nas paredes do meu quarto. Depois de alguns anos, me mudei para o Núcleo Bandeirante, onde estou há quase 20 anos”, conta o brasiliense.

Nego tem em suas origens o sangue nordestino, os seus pais vieram do estado e por aqui fincaram raízes. No Núcleo Bandeirante, Nego conseguiu sentir o retorno e o calor dessas origens e, ali, suas vivências diárias foram recuperando e relembrando sua ancestralidade. 

“Eu sou negro e passo por situações todos os dias. O racismo ainda existe. O racismo estrutural ainda resiste. E isso precisa ser manifestado e trabalhado por meio da arte. Os desenhos falam por si só”, afirma.

Os desenhos aos quais o artista se refere são os 365 que ele fez em 2009. Um desafio o levou a colocar o lápis no papel e expressar tudo que já havia sentido. Foi um desenho por dia naquele ano, cujo os temas variavam entre negros, indígenas, racismo estrutural e a história de uma sociedade escravocrata. Naquele ano, invocou as culturas originárias e, por meio da expressão artística, tentou encaixar onde essas peças se encontravam no Brasil contemporâneo. 

“Eu costumo dizer que vivo a arte 25 horas por dia. A arte é egoísta e ela te quer o tempo todo, ela quer tudo que você pode dar para ela”, comenta sobre o processo de produção que culminou na exposição Traços de Memória.

A exposição

Os desenhos produzidos pelo artista são estudos sobre suas concepções artísticas de orixás e foram criados a partir de vivências diárias, sonhos e observações do cotidiano vivido pelo artista no Núcleo Bandeirante, onde construiu o seu ateliê.

O local escolhido para receber a exposição foi o Museu Vivo da Memória Candanga, localizado na região, e escolhido justamente para abraçar e privilegiar a comunidade local, que em boa parte se caracteriza por pessoas de ancestralidade africana e indígena.

“O Museu da Memória Candanga foi onde foi construído o primeiro hospital da capital e foi aqui que tudo começou. Eu escolhi o museu justamente para resgatar essa história e relembrar a importância da nossa cidade.”

 

SERVIÇO
Traços da Memória por Nego Zafa
Local: Museu Vivo da Memória Candanga
Data: 28 de outubro a 15 de dezembro de 2023
*Entrada gratuita

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