Em uma montagem cuidadosa e coerente à qualidade das fotos tiradas e editadas por Josiane Dias, a exposição “Telaviv Bus Station” é a mais nova mostra da artista radicada em Brasília. Com fotos que mexem com perspectiva, cores e o imaginário do público, a arte de Josiane sempre é uma quebra de paradigma, como ela mesma diz: “Um recorte que tem o propósito de desorientar o expectador”.
Os quadros estão no Centro Cultural da Câmara dos Deputados e ressaltam o olhar curioso da artista que sempre está em busca de poesia nos detalhes e nos espaços ignorados pelos olhos humanos. No caso da recém inaugurada exposição, na quinta-feira, 21, o objeto de sua curiosidade foi a uma das maiores estações de ônibus do mundo, e também uma das mais diferentes e estranhas, a Rodoviária Central de Telaviv.
Segundo Josiane, no texto de apresentação, o espaço está localizado em um bairro decadente da cidade israelense e é obra do arquiteto Ram Karmi, um brutalista que decidiu colocar seu projeto em prática em 1967.
Parte do prédio é abandonado, tanto que nos três últimos andares a morada é dos morcegos, por isso proibida a entrada de pessoas. A arquitetura não é nada funcional, mas certamente há criatividade por ali, tanto é que Josiane enxergou o que ninguém ainda havia visto. Entre as cores e linhas modernistas do espaço, ela escolheu tirar fotos que desconfiguram ainda mais o lugar.
Janelas, corrimãos, exaustores e canos aparecem pelas fotos da artista. O curioso é: em que contexto esses elementos estão? Não tem como saber, por isso a importância de aceitar e compreender a poesia implícita ali.
Outro ponto das fotos de Josiane, são as edições, que foram pouquíssimas. Sempre presente em suas obras a luz natural e a menor interferência possível, os elementos que encontram-se sobrepostos sobre as cores, de fato, estão nas paredes pintadas basicamente de azul, amarelo e vermelho, a paleta da Bauhaus.
Confira alguns dos quadros de Josiane Dias: