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Bons ventos nos levam ao Preá

Vislumbrado no concreto da cidade grande, o projeto criou forma nas areias frescas do Ceará
Fotos: Nicolas Leiva

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Ao desembarcar no pequeno aeroporto de Jericoacoara, no Ceará, o calor de 32ºC toma conta imediatamente dos visitantes. Cerca de 15 minutos de carro e estamos na Praia do Preá. Um vento forte – e gostoso – alivia a quentura e dá as boas-vindas a uma das melhores regiões do mundo para a prática de kitesurf, que, com seu colorido das pipas, dança sobre o mar, acentuando a beleza da paisagem. 

Localizada a poucos quilômetros da agitada Jeri, a atmosfera do Preá ainda mantém o charme de uma vila de pescadores. Neste recanto, o tempo parece adotar um ritmo único. O hipnotizante oceano, a serenidade dos habitantes locais e a paz de viver à beira-mar criam uma atmosfera completamente distinta da agitação das grandes cidades.

Foi justamente essa calmaria e esse lifestyle que conquistaram Julio Capuá, sócio-fundador da XP Investimentos, que trocou ternos e reuniões pelo pé na areia e pelas ondas do mar. Frequentador da região há mais de dez anos, foi ao deixar a corretora de investimentos que pensou: “vou comprar um terreno no Preá e construir um vilarejo com casas sem muro e em meio à natureza para os meus filhos”. Convenceu alguns amigos a abraçar o projeto. E assim, em 2019, adquiriu 500 mil metros quadrados de terreno no município de Cruz. 

Mas o seu sangue empreendedor mostrou que estava vivo ali. Um olhar mais atento à região e à vila, hoje batizada de Vila Carnaúba, foi ficando parruda. Envolver a comunidade local, desenvolver melhorias e promover um crescimento ordenado tornaram-se uma meta. Por que não fazer daquilo um novo negócio? 

      

Em 2021, o projeto foi ganhando corpo. Os 500 mil se transformaram em 12 milhões de metros quadrados. Ao projeto da vila, foram inseridos um hotel de luxo e um beach club. Robusto e com a chegada de outros investidores, surgia o Grupo Carnaúba – junto a um sonho e a um propósito. 


A experiência 

Fomos convidados a participar da primeira press trip ao local. A hospedagem foi na Casa Siará, que tem oito quartos. A construção é chique e rústica ao mesmo tempo, aconchegante. O balanço suspenso na sala é convidativo para sentar. 

Mais do que apresentar os projetos, o grupo quis que os convidados vivenciassem a experiência do lugar. Ouvir os sócios Mariana Bokel, Alexia Bergallo e Eduardo Juaçaba contarem a própria história e como se integraram ao projeto vai ao encontro dos discursos do negócio, no qual identificamos em cada fala a essência por trás do empreendimento imobiliário. O Vila Carnaúba e o Wind House são mais que produtos, são o reflexo de quem o Edu, a Alexia e a Mari e todos os sócios investidores são. É o estilo de vida que eles mesmo têm e querem propagar.

Capua entende que o Preá tem um grande potencial de desenvolvimento, principalmente após a construção do aeroporto de Jericoacoara em 2017. A ideia é transformar uma região rural de 20 milhões de m² em uma área urbana sustentável e responsável, com direito a casas de primeira, segunda e terceira moradia para todos os níveis de renda, além de hotéis e clubes, e empregando mão de obra local para gerar milhares de  empregos diretos e indiretos.

A primeira intenção era apenas construir um condomínio de alto padrão, em uma praia que todos os amantes de kite do mundo querem estar, mas que carece de produtos imobiliários e hoteleiros de qualidade. Tudo isso sem perder a simplicidade e a essência do lugar, do rústico e do pé na areia com conforto. Mas não bastava apenas desenvolver a praia. O entorno também precisa ser planejado e receber bons produtos imobiliários para atrair pessoas que irão morar na região, atraídas pela oferta de emprego. Esse é o erro de muitos outros destinos de praia no Brasil – não se preocuparam com o entorno”, avalia Capua.

Saindo da Casa Siará, onde ficamos hospedados, fomos visitar a construção do Vila Carnaúba, um condomínio de alto padrão com clube e escola de kite exclusivos, piscina, quadras de tênis e poliesportiva, fitness center, spa, entre outros amenities. Com projeto dos arquitetos Miguel Pinto Guimarães e Sergio Conde Caldas, as obras já foram iniciadas e a fase um será finalizada em 2024. O condomínio contará também com um hotel da bandeira hoteleira internacional de luxo Anantara. Além da vila, o grupo também aposta no empreendimento Wind House, com um conceito de clube de hospedagem. “A proposta é unir o conforto de uma casa de férias com a estrutura e os amenities de hotel e clube”, explica Alexia. Ele terá um número limitado de associados.

O projeto firmou uma parceria com o Rancho do Kite, escola que já formou mais de dez mil alunos nos seus 17 anos de existência. Toda a infraestrutura de aulas, instrutores e equipamentos do Rancho estarão à disposição do associado do Wind House. A escola é do brasiliense Alexandre Rolim, conhecido como Mosquito, que há mais de duas décadas fixou morada na região e passou a se dedicar a passar seu amor – e seu conhecimento – pelo kite adiante. “Aqui é a meca do kitesurf do mundo, devido aos ventos alísios que entram em 45 graus, condição de vento encontrada em pouquíssimos lugares. E ainda com água do mar quente”, descreve. Ele administra o local ao lado da mulher, Vanessa Chastinet. Já um cidadão de Cruz, Mosquito relembra o início. “Quando cheguei, não tinha nenhum coqueiro. Plantamos tudo. Estamos aqui há muitos anos e conseguimos passar para a equipe essa cultura do cuidado”, destaca Mosquito.

 

O propósito 

O investimento do empreendimento de alto luxo é de R$ 630 milhões. Em parceria com a consultoria Visões da Terra, a cooperativa Coopbravo, Prefeitura e Secretaria de Meio Ambiente de Acaraú e comunidade local, a iniciativa voltada à educação ambiental, coleta seletiva e reciclagem contou com 97% de adesão dos moradores. 

Além disso, lançaram o projeto piloto chamado de Mais Vida, Menos Lixo pela escola local, que inclui separação dos resíduos, reciclagem e capacitação. Alguns efeitos já começaram a ser sentidos: a instalação de uma lixeira a cada duas casas, além de um ponto de entrega voluntária de materiais recicláveis. Cada rua teve um embaixador para engajar o movimento. “Temos um convívio direto com a comunidade e todos ficaram envolvidos. Assim, todos crescem juntos”, destaca Ronaldo Rocha, presidente da Coopbravo, que gera renda para a cooperativa e suas famílias.

Além de conhecer o terreno onde serão as construções e ver as maquetes, também visitamos o viveiro de mudas nativas. Mais de duas mil mudas estão em desenvolvimento no local. É feito o resgate, transplantio e desenvolvimento de novas espécies. Tudo devidamente catalogado. “O que vai tornar mais encantador é saber quais são essas plantas e mudar a cultura da região, trazer valor para isso”, acredita Jardel Batalha, botânico da região que coordena o projeto. 

 

O mar e o vento

Após conhecer os projetos dos empreendimentos, ouvir relatos de moradores da região e ficar encantada pelas pipas que dançam conforme o vento, chegou a hora de experimentar o kitesurfe. Fábio, um dos professores do Rancho do Kite, do casal Mosquito e Vanessa, pacientemente explicou cada detalhe do equipamento. E foi ali, ao entrar no mar com a pipa presa na cintura (seguramente acompanhada pelo instrutor), que entendi de corpo e alma tudo que tinha ouvido até ali. Leve como a brisa do vento, em contato com a água do mar, com o coração entregue à experiência. 

Parece mais difícil do que verdadeiramente é. Basta respirar, ter calma e dançar conforme o vento. Não exige muita força no braço, como se imagina. É leve, divertido, gostoso. E, mais do que isso, praticar o kitesurf é meditativo. Uma atividade mindfulness, que te exige estar 100% ali: você, a água, o vento, a pipa e a prancha. Nada mais. Enquanto me concentrava em coordenar o movimento do corpo para acompanhar o vento, o sol se punha formando uma paisagem deslumbrante. Hora de agradecer. Que sempre os bons ventos nos levem para a Praia do Preá. 


*A repórter viajou a convite do Grupo Carnaúba

@vivacarnauba