A investigação da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aponta que o ex-mandatário do País recebeu, entre março de 2023 e fevereiro de 2024, mais de R$ 30.576.801,36 e que R$ 30.595.430,71 foram retirados de suas contas.
As informações constam em Relatório de Inteligência Financeira (RIF) de autoria do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e com dados do Banco do Brasil.
Segundo o relatório, dos mais de R$ 30,5 milhões recebidos por Bolsonaro, R$ 19,2 milhões entraram por meio de 1,2 milhão de transações via PIX e outros R$ 8,7 milhões têm origem em 52 resgates de CDB/RDB. Além disso, R$ 1,3 milhão são provenientes de três operações de câmbio.
Entre os principais beneficiários de recursos pagos pelo ex-presidente estão o advogado Paulo Cunha Bueno e o escritório de advocacia DB Tesser, que receberam R$ 3,3 milhões cada. Também figuram na lista uma empresa de engenharia (R$ 900 mil), um escritório de arquitetura (R$ 235 mil) e uma loja de veículos (R$ 130 mil).
O relatório da Polícia Federal aponta ainda transferências para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e para o filho Jair Renan, atualmente vereador em Balneário Camboriú (SC). Segundo a corporação, as movimentações financeiras realizadas pelo ex-presidente estão sob suspeita de lavagem de dinheiro e outros ilícitos.
Indiciamento
Bolsonaro e o filho Eduardo Bolsonaro foram indicados nesta quarta (20) por obstrução de Justiça no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado.
Segundo relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro teria cogitado pedir asilo político ao presidente argentino Javier Milei, enquanto Eduardo, nos Estados Unidos, buscava apoio internacional para sanções contra ministros da Corte. A apuração teve início em maio, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O pastor Silas Malafaia também foi alvo da operação, que incluiu busca e apreensão e retenção de passaporte. Ele retornou nesta quarta de Lisboa e seguiu direto para depoimento no Rio de Janeiro. Já Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar por descumprimento de ordens judiciais, permanece sob investigação prorrogada pelo ministro Alexandre de Moraes por mais 60 dias, devido à necessidade de novas diligências.