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A pedido de Valdemar, Bolsonaro desembarca na candidatura de Rogério Marinho

Ex-presidente quer transformar a disputa pela Presidência do Senado em uma espécie de "terceiro turno" da eleição perdida em 2022
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro | Foto: Marinho

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**A campanha de Rogério Marinho (PL-RN) ao comando do Senado conta agora com um reforço vindo dos Estados Unidos.** Desde sexta-feira (27), **o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está em Orlando, na Flórida, começou a telefonar para aliados pedindo que votem em Marinho e, principalmente, “contra o PT”**. As eleições que vão escolher os presidentes da Câmara e do Senado para o biênio 2023-2024 estão marcadas para 1.º de fevereiro.

**Foi o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que solicitou a ajuda.** Ex-ministro do Desenvolvimento Regional, **Marinho vai desafiar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que é candidato à reeleição** e concorre com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT. **Corre por fora o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se lançou como avulso e é visto como linha auxiliar de Marinho** por ser bolsonarista.

**A trinca do Centrão, formada por PP, PL e Republicanos, oficializará neste sábado (28) o bloco pró-Marinho.** Os três partidos reúnem 23 senadores de um total de 81. Para ser eleito, o candidato precisa de 41 votos. Como a votação é secreta, todos temem traições. **Diante do favoritismo de Pacheco, aliados de Marinho recorrem nas redes sociais à estratégia do “gabinete do ódio”**, instalado no Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro, na tentativa de desconstruir o adversário.

Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos no dia 30 de dezembro do ano passado e não passou a faixa a Lula. Ainda não se sabe quando ele retornará ao Brasil. **A ex-primeira-dama Michelle voltou para Brasília na última quinta-feira (26)**. Ela já postou várias mensagens nas redes ao lado de Marinho.

**O ex-presidente foi acionado por Valdemar Costa Neto para tentar virar votos de antigos aliados que podem apoiar Pacheco, como Romário (PL-RJ) e Wellington Fagundes (PL-MT).** Romário teve dificuldades para ser eleito porque Bolsonaro decidiu apoiar Daniel Silveira (PTB-RJ), ex-deputado cassado por ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

**Caça às bruxas**

**Temas como impeachment de ministros do STF, redução da maioridade penal e até a tentativa de golpe no dia 8 têm sido usados na campanha como se a disputa fosse um terceiro turno entre Lula e Bolsonaro.** “Não queremos uma caça às bruxas, mas é preciso resgatar a autoridade que o Congresso perdeu”, disse Valdemar, sem dirigir ataques diretos ao STF. **O senador Girão, porém, admitiu que as candidaturas de oposição a Pacheco querem “enfrentar” o Judiciário.** “O restabelecimento da liberdade passa pela análise de pedidos de impeachment de ministros do Supremo. Não vamos segurar isso, não”, afirmou.

Enquanto o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), só tem como opositor o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) – que lançou candidatura para marcar posição -, **Pacheco é alvo no Senado da chamada milícia digital**. Foram criadas hashtags como #PachecoNuncaMais e #EleNao. Além disso, **circulam posts com as inscrições “PT está fechado com Pacheco” e “Pacheco é Lula”**. Uma das mensagens pede que senadores não aceitem o “encabrestamento” do STF nem a transformação do Brasil numa “fazenda comunista”, um dos bordões do bolsonarismo.