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Macron prepara visita de Estado ao Brasil no início do governo Lula

Presidente francês foi um dos maiores críticos internacionais do governo Bolsonaro e considerado inimigo. Meio ambiente e negócios estão na pauta dos dois países

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O **presidente francês, Emmanuel Macron**, prepara uma visita de Estado ao Brasil. Ele será um dos primeiros líderes mundiais a ser recebido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, para negociações bilaterais no ano que vem. **A agenda e a data da visita ainda não foram fechadas**, mas é certo que Macron pisará em solo brasileiro no primeiro semestre, conforme diplomatas envolvidos nos preparativos. Em princípio, a ideia era que a viagem fosse realizada em março, logo após o Carnaval, mas a visita de Estado foi postergada pela presidência francesa nos últimos dias.

Antes de Macron, **a ministra dos Negócios Estrangeiros da França, Catherine Colonna, virá ao Brasil em fevereiro** para cumprir agendas e preparar a viagem do presidente francês. Nenhum dos dois virá à posse de Lula, em 1º de janeiro. O provável representante de Paris será um auxiliar direto da chanceler francesa, o ministro-delegado Oliver Becht, responsável pelo Comércio Exterior, Atratividade e Franceses no Exterior.

O presidente francês conhece pouco da América do Sul. Antes do Brasil, esteve na Argentina, para a cúpula do G-20, e na Guiana Francesa. **Será a terceira viagem dele à região**.

A França é um dos principais parceiros comerciais do Brasil na Europa. **O país europeu lidera como o maior empregador estrangeiro e o terceiro que mais investe em território brasileiro**. Em 2019, eram 1.042 as empresas francesas no Brasil, com 472 mil funcionários, conforme a embaixada em Brasília. Em 2020, o investimento francês em território nacional somou US$ 32,2 bilhões, 6% do total investido no setor produtivo por outros países, atrás somente de Estados Unidos e Espanha. Os dados são do Banco Central.

Além disso, os países desenvolveram **parcerias estratégicas no setor de Defesa**. Há tecnologia francesa em uso nas Forças Armadas brasileiras, com equipamentos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. São mísseis, sistemas, helicópteros. O principal deles é o programa de desenvolvimento de submarinos, o ProSub, sendo quatro convencionais e um nuclear, com transferência de conhecimento e tecnologia. Há intercâmbio de experiências e relacionamento direto no patrulhamento da fronteira comum, na região entre a Guiana Francesa e o Amapá.

**”Inimigo externo”**

A despeito dessa relação diversa, que passa por setores culturais, esporte e academia, **Macron virou “inimigo” político externo no governo Jair Bolsonaro**. Eles só conversaram presencialmente uma vez. O presidente brasileiro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, proferiram **opiniões ofensivas sobre a aparência da primeira-dama francesa, Brigitte Macron**. Guedes chegou a dizer que a França estava se tornando “_irrelevante_” para o Brasil e disse que iria “_ligar o foda-se_” para Paris se não fosse bem tratado.

O líder francês liderou a pressão internacional sobre o Brasil no auge das queimadas na Amazônia. Autoridades de Paris foram desprezadas durante visita a Brasília. Bolsonaro queixava-se de que Macron queria “_revogar_” a soberania brasileira sobre a Amazônia e que agia de forma **protecionista**, bloqueando o avanço do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, diante de retrocessos na política ambiental brasileira.

O relacionamento com o petista é inverso. **Lula e Macron se apoiaram mutuamente nas eleições presidenciais dos dois países**. Antes da campanha eleitoral, o petista foi recebido com deferência pelo ex-presidente em Paris. Macron foi um dos primeiros a cumprimentá-lo pela vitória nas urnas e disse que deveriam unir forças. Afirmou que a eleição de Lula era um “_novo capítulo_” na história do Brasil. O francês divulgou vídeo de uma chamada telefônica na qual confidenciou que aguardava impacientemente pelo momento e propôs relançar a parceria estratégica.