Aliados de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional criticaram, nesta sexta-feira (18), a operação da Polícia Federal (PF) que mirou o ex-presidente. Segundo o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), a ação da corporação representa um “abalo institucional” e exige resposta do Congresso Nacional. Os parlamentares defendem, inclusive, pedir o fim do recesso parlamentar.
Portinho criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre de Moraes, responsável pela ordem judicial que autorizou a operação. “Nossa Constituição vem sendo rasgada com o intuito de calar o povo brasileiro”.
Além de Portinho, os senadores Jorge Seif (PL-SC), Damares Alves (PL-DF), Marcos do Val (PL-ES), a deputada Bia Kicis (PL-DF) e o deputado Coronel Chisóstomo (PL-RO) participaram da coletiva e cobraram uma reação política à operação, além de medidas mais duras contra o STF.
A oposição anunciou que irá solicitar uma reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) para tratar do tema e solicitar o fim do chamado “recesso branco”.
“Na segunda-feira, das 14h às 17h, na liderança do nosso partido, do PL, vamos reunir as lideranças. Uma das decisões já tomadas é pedir o fim do recesso branco e uma reunião com o presidente da Casa. Precisamos que ele nos ajude a conduzir esse momento”, afirmou Portinho.
Os parlamentares classificaram como desproporcionais as medidas autorizadas por Moraes. Para eles, a operação teve motivação política e o objetivo seria impedir a atuação de Jair Bolsonaro nas eleições de 2026.
“Não há condenação. Não há provas inequívocas de crime. Há, sim, uma escalada autoritária e o uso do aparato judicial como instrumento de repressão política. Trata-se de um movimento perigoso, que ameaça as bases do Estado de Direito e transforma a divergência em delito” disse Jorge Seif.
“Acharam US$ 10 mil, 15 mil dólares? Isso é motivo para supor que o Bolsonaro fugiria? O mesmo Bolsonaro que recebeu 17 milhões de reais em Pix? Isso é uma afronta à inteligência de qualquer um. Estão tentando calá-lo porque ele lidera as pesquisas para 2026”, completou.
O senador Marcos do Val defendeu o fim do foro privilegiado para ministros do STF e acusou a Corte de pressionar o Legislativo com ameaças de retaliação. “Dizem que o foro privilegiado beneficia os senadores. Não é verdade. Quem é mais protegido são os ministros. Quando tentamos reagir aos abusos do STF, eles ameaçam tirar processos da gaveta contra parlamentares. Já tentaram nos intimidar, mas não recuamos, e não vamos recuar”.
Na avaliação dos senadores, a operação da PF é mais um capítulo da suposta tentativa de silenciar a direita no país. Segundo eles, mesmo com bloqueios em redes sociais, a base bolsonarista continuará ativa.
“A forma de calá-lo é censurar suas redes sociais, como fizeram com Luciano Hang em 2022. Mas hoje a direita domina as redes, e as pessoas que não puderem ouvir Bolsonaro ouvirão de nós, nas nossas redes e nos plenários”, disse Seif.
Tarifaço em pauta
Durante a coletiva, os parlamentares também criticaram a postura do governo Lula em relação à política externa e às tarifas anunciadas pelos EUA sobre produtos brasileiros.
“O Brasil está parado. Outros países foram negociar, como China, Índia, Canadá e até a Argentina. Nosso governo não designou ninguém de peso para sentar com os americanos. O agronegócio está esperando nos portos sem saber o que vai acontecer. É inacreditável”, apontou Portinho.
“Estamos caminhando para a Venezuela. Só falta fechar as relações comerciais. E enquanto isso, o presidente Lula não levanta da cadeira para defender os produtores brasileiros”, completou.
A oposição informou que um manifesto com a pauta de reivindicações será formalizado e entregue ao presidente do Senado na próxima segunda-feira (22). Os parlamentares prometeram mobilização no Congresso e nas redes sociais contra o que chamam de “escalada autoritária” do Judiciário e do Executivo.
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também se manifestou sobre a operação. Em nota, disse ter recebido a notícia “com tristeza, mas sem surpresa” e classificou o ministro Alexandre de Moraes como “ditador” e “gangster de toga”.
“Há tempos denunciamos as ações do ditador Alexandre de Moraes, hoje escancaradamente convertido em um gangster de toga, que usa o Supremo como arma pessoal para perseguições políticas. Mais uma vez, ele confirma tudo o que vínhamos alertando”, disse Eduardo.