Servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aprovaram, nesta terça-feira (24), o indicativo de greve da categoria. O movimento ocorre em meio à crise institucional provocada pelo recente indiciamento da atual cúpula do órgão, acusada de tentar obstruir investigações da Polícia Federal sobre o caso da chamada “Abin paralela”.
A decisão foi tomada em assembleia-geral extaordinária convocada pela União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis), ocorrida ainda na segunda-feira (23).
Na ocasião, os servidores debateram também a possibilidade de ingressar com uma Ação Civil Pública pedindo o afastamento de três delegados que compõem a atual direção da Abin. Houve, ainda, a definição pela criação de um comitê de crise com cinco voluntários, que deverão apoiar a diretoria da entidade nas articulações futuras.
Com o indicativo de greve aprovado, a entidade irá apresentar um conjunto de reivindicações formais à diretoria da agência. Uma paralisação das atividades não está descartada.
Abin Paralela
Na última semana, a PF indiciou 36 pessoas no inquérito que investiga suposto esquema de espionagem ilegal pela Abin. Um dos indiciados pela corporação, é o atual diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa.
Segundo investigações, durante o governo do então presidente Jair Bolsonaro, a Abin teria sido usada para monitorar adversários políticos, autoridades do Judiciário e até jornalistas, por meio de sistemas de geolocalização e outras ferramentas de inteligência. A atuação teria ocorrido sem respaldo judicial e fora dos protocolos legais da agência.