Você sente que mesmo cuidando da sua pele a aparência dela ainda não está como gostaria? A médica dermatologista Elisa Coelho explica que, para ter uma pele bonita e saudável, além dos dermocosméticos, é necessário ter hábitos específicos de cuidados além de se atentar à forma correta de usar produtos e ativos de beleza, pois diversos fatores do dia a dia podem ser capazes de agredir a superfície da derme.
Nesse sentido, mesmo que você não perceba, algumas atitudes podem estar danificando a sua pele. Segundo Elisa, um dos hábitos mais comuns e prejudiciais à saúde da derme é achar que o sol, mesmo que mais ameno, seja inofensivo. “Muitas pessoas ignoram ou subestimam o uso do protetor solar e, depois, atribuem diversos danos a outras causas”, pontua a especialista.
A dermatologista alerta que mesmo que a exposição solar seja por um curto período de tempo, é importante fazer o uso correto do protetor solar. “Entre os principais erros no uso do protetor solar está a utilização de uma quantidade abaixo da que é de fato recomendada, o que diminui drasticamente o fator de proteção indicado pela embalagem do produto, a não reaplicação ao longo do dia e utilizar apenas no rosto em detrimento de outras áreas também expostas, como pescoço, orelhas, mãos, membros superiores”, explica Coelho.
Para fazer a escolha correta, a médica alerta que é necessário optar por um protetor com FPS mínimo de 30 ou, sendo possível, o FPS50. O produto deve ser aplicado trinta minutos antes da exposição solar, utilizando a regra dos três dedos para rosto e pescoço, além de reaplicar a cada duas horas de exposição intensa ou, pelo menos, uma reaplicação ao longo do dia, em caso de baixa exposição.
Ainda de acordo com a médica, outros agressores à pele conhecidos são o tabagismo, temperaturas extremas (muito quente ou muito frio), suplementos desnecessários (que podem causar erupções cutâneas), alimentação inadequada, falta de sono, poluição do ar e estresse.
Hábitos que atrapalham a busca pela pele perfeita
Em relação aos hábitos que atrapalham a busca por uma pele perfeita, a dermatologista alerta que é importante se atentar aos cuidados básicos do dia a dia, como por exemplo, o acúmulo de resíduos na pele somados aos danos ambientais, como a poluição do ar. “Esses fatores comprovadamente aumentam o estresse oxidativo da pele, estimulam receptores cutâneos que amplificam cascatas de pigmentação, com formação de manchas, bem como o envelhecimento da pele”, explica.
Outro ponto a se observar é dos cuidados de limpeza e skincare, uma vez que nada em excesso é bom e, na pele, não seria diferente. “Além de aumentar a chance de dermatites de contato, tanto irritativa como alérgica, a interação de muitos elementos pode ainda sensibilizar a pele e gerar danos importantes à barreira cutânea. Este dano pode explicar o aparecimento de outros sinais, como descamação, vermelhidão, ardência, foliculites, miliária, manchas e acne”, diz Elisa.
“Um hábito que também impacta na saúde da pele é a água quente, que juntamente com outros fatores, como o excesso de sabonetes, uso de buchas e tempo prolongado de banho, pode remover parte importante da barreira cutânea, aumentando a desidratação e permitindo maior fragilidade a outros agressores”, alerta a médica, pontuando, ainda, que esses hábitos possuem uma maior chance de dermatites em peles pré-dispostas, além da piora de diversas doenças.
Entre outros fatores, a profissional afirma a importância de uma alimentação equilibrada, porém, não existe uma regra universal em relação a essas orientações. “Na verdade, existe pouca evidência científica que possa embasar recomendações alimentares universais, ou seja, para qualquer tipo de pele. Mas, alguns alimentos podem sim influenciar na pele”, disse.
Segundo estudos mais recentes, alguns pacientes podem apresentar piora da acne quando ingerem alimentos com alto índice glicêmico e leite em excesso. “Pacientes com intolerância ao glúten ou alergia alimentar, devem seguir dietas específicas. Mas, além disso, não há uma recomendação específica”, explica a médica.
Agora, em relação à ingestão de água, muito se fala que é necessário tomar de 2 a 3 litros por dia para garantir a hidratação da pele. No entanto, segundo a especialista, essa afirmação não tem respaldo científico.
“Não há comprovação de que aumentar o consumo hídrico melhora a hidratação cutânea. A água que o corpo precisa vem também dos alimentos e líquidos em geral. Quando bebemos muita água, aumentamos a diurese, pois nossos rins regulam naturalmente a excreção de líquidos. Essa água em excesso não é direcionada diretamente para a pele”, esclarece.