A deputada federal Érika Hilton (PSol-SP) foi uma das vozes de destaque na Conferência dos Direitos Humanos do EuroPride 2025, realizada na última sexta-feira (20), em Lisboa, Portugal. Em um discurso no evento, a parlamentar denunciou a escalada da violência contra pessoas LGBTQIAPN+, especialmente mulheres trans no Brasil, e reforçou a importância da representatividade nos espaços de poder.
“Se não ocupamos a política, ela é ocupada por quem nos quer mortos, marginalizados e fora dos espaços de dignidade. Por isso, é essencial que nossa comunidade dispute esses lugares, que historicamente foram negados a nós”, afirmou.
Érika chamou a atenção para o fato de o Brasil ser, segundo ela, o país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo, muitas vezes com requintes de crueldade, o que, na visão da parlamentar, revela um projeto de extermínio social.
“Não basta nos matar. É preciso torturar, humilhar, para que a sociedade aprenda como tratar os nossos corpos. Isso é reflexo de uma estrutura que nega a nossa humanidade”, reforçou durante a conferência.
Ao longo de sua fala, Érika destacou que enfrentar a marginalização exige ocupar os espaços de decisão e disputar a construção das políticas públicas. “Por muito tempo disseram que pessoas LGBTQIAPN+, negras, indígenas e mulheres não tinham lugar na política. Mas estamos aqui, levantando nossas vozes e construindo um contragolpe contra essa lógica excludente”, declarou.
Ela também fez um paralelo entre as violências sofridas pela população LGBTQIAPN+ e práticas históricas de punição social, comparando os processos de linchamento e tortura às dinâmicas de opressão que seguem se repetindo. “Nossa execução não é só física. Ela também é simbólica, social, política e espiritual”, resumiu.
Durante o evento, Érika Hilton ainda fez uma crítica contundente ao que chamou de “pinkwashing” — o uso instrumentalizado dos direitos LGBTQIAPN+ para encobrir violações de direitos humanos. “Denunciei a tentativa do Estado de Israel de usar nossa pauta para legitimar o genocídio contra o povo palestino. Nossa luta por direitos não pode jamais ser confundida ou instrumentalizada. Queremos dignidade para todas as pessoas, em todos os povos e nações”, pontuou.
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