O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou um alerta grave nesta sexta-feira (20): Gaza está enfrentando uma “seca provocada pelo homem”, colocando milhares de crianças em risco iminente de morrer de sede. O colapso dos sistemas de água potável agrava uma crise humanitária já considerada catastrófica.
Apenas 87 das 217 instalações de produção de água seguem operando na Faixa de Gaza, onde o território segue sitiado por Israel.
“Estamos muito abaixo dos padrões mínimos de emergência em termos de água potável. As crianças começarão a morrer de sede se nada mudar”, afirmou o porta-voz do Unicef, James Elder, em coletiva à imprensa em Genebra.
Para a agência da ONU, o cenário é o resultado direto de decisões políticas, não de falhas logísticas. “A negação virou política”, disse Elder. “Se houver vontade política, a crise da água pode ser aliviada da noite para o dia.”
A escassez atinge principalmente crianças, mulheres e idosos, que representam mais de 65% das mais de 55 mil vítimas fatais desde o início do conflito, em outubro de 2023, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Bloqueios e bombardeios agravam tragédia
Enquanto o acesso à ajuda humanitária continua bloqueado, os ataques israelenses prosseguem. Desde o amanhecer desta sexta, ao menos 21 palestinos foram mortos, de acordo com fontes hospitalares ouvidas pela Al Jazeera. Entre as vítimas, 11 pessoas foram atingidas enquanto buscavam ajuda humanitária. Outras três morreram em um bombardeio no bairro de Zeitoun, ao sul da Cidade de Gaza.
“Gaza agora se equilibra em sua fase mais letal”, alertou Elder.
A situação é descrita por agências internacionais como o colapso total de um território cercado e sem infraestrutura básica, onde a sobrevivência depende diretamente da interrupção dos bloqueios e da entrada urgente de ajuda.