Charles Philip Arthur George é o novo rei da Inglaterra. Príncipe durante 70 anos, o novo rei definiu seu nome logo após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II, na tarde desta quinta-feira (8). Charles poderia escolher qualquer um de seus nomes, uma das inúmeras tradições britânicas que remontam aos primórdios da realeza, que costuma batizar suas crianças com três ou quatro nomes para abrir as possibilidades em uma possível coroação.
Durante muitos anos especulou-se que Charles iria adotar o nome de Rei George VII, em homenagem a seu avô, pai de Elizabeth, que reinou como George VI. Não seria o primeiro monarca a mudar o primeiro nome após se tornar rei – seu avô, por sinal, nasceu como Albert Frederick Arthur George.
Charles poderia homenagear o pai, Philip, duque de Edimburgo e príncipe consorte do Reino Unido. Com essa escolha, seria o primeiro Rei Philip da família real.
A outra opção soa conhecida aos ouvidos, mas também seria inédita na coroa britânica. Rei Arthur iniciaria outra linhagem de nome, apesar das lendas sobre o homônimo e sua Távola Redonda, que dividem opiniões de historiadores sobre sua veracidade.
A escolha de Charles teria sido motivada por dois fatores. O primeiro é seu neto, George, herdeiro direto do trono, que poderá adotar o nome de George VII, sonhado por Charles. O segundo fator é o respeito pela mãe. Reza a lenda que, em 1952, quando perguntada sobre o nome que adotaria como rainha, a jovem Elizabeth foi direta: “O meu, claro!”
**Os outros Charles**
Dois Charles antecederam o novo rei como monarcas sob o mesmo nome, ambos antes dos chamados Atos de União de 1707, que unificaram os reinos da Inglaterra e da Escócia como Grã-Bretanha. Pai e filho, os dois xarás tiveram reinados conturbados e vidas curtas, apesar de reinados considerados longos para a época. Seus reinados, no entanto, mudaram profundamente a monarquia britânica.
Charles I nasceu em 1600 e reinou de 1625 até sua execução, em 1649. Segundo filho, assumiu o trono no lugar do pai James VI por conta da morte do irmão. Seus anos como rei foram conturbados e marcados por conflitos com o Parlamento por diferentes entendimentos a respeito do papel da monarquia. Em meio à disputa política vieram os conflitos religiosos e uma guerra civil que durou sete anos e custou a vida de quase dois em cada dez britânicos.
O Parlamento, liderado por Oliver Cromwell, capturou, julgou e executou Charles I. Após a decapitação do rei, em 1649, um governo republicano foi instaurado entre 1649 e 1653, e de 1659 e 1660. Entre os dois períodos, Oliver Cromwell instaurou uma ditadura militar.
Com a morte de Cromwell, o seu filho, Richard Cromwell, tentou sucedê-lo como ditador, mas foi deposto em uma trama montada pelo Parlamento, que culminou na restauração da monarquia, em 1660.
Quem assumiu o trono foi o filho de Charles I, que ascendeu ao posto de rei como Charles II já em um sistema de monarquia parlamentar.
Como rei, Charles II enfrentou em dois anos seguidos duas grandes tragédias. Em 1665, fugiu com a família real de Londres por conta do que ficou conhecido como Grande Praga, um surto mortal de peste bubônica que dizimou uma boa parcela da população. No ano seguinte, 1666, enfrentou o Grande Incêndio de Londres, que deixou a capital britânica em cinzas.
Nascido em 1630, Charles II morreu subitamente em 1685, aos 54 anos. Hoje, historiadores atribuem a morte a um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Na época, no entanto, a turbulência política local gerou inúmeras teorias de que o rei teria sido envenenado.
Sem filhos legítimos – apesar da extensa lista de filhos bastardos já identificados – Charles II deixou o trono para o irmão que reinou na Inglaterra e Irlanda como James II e na Escócia como James VII.