A multinacional chinesa Huawei revelou o preço dos seus dois modelos de celulares que serão vendidos no Brasil, neste movimento que marca o retorno da companhia ao mercado local de smartphones.
Os modelos que estão sendo lançados no País são o Mate X6, com tela dobrável em duas partes, a R$ 22.999. A grande novidade é o Mate XT Ultimate Design, primeiro do mundo com tela que se dobra em três partes. Ele vai sair por nada menos que R$ 32.999, de longe, o celular mais caro do Brasil.
A título de comparação, o iPhone 16 Pro Max com 1 TB de armazenamento, versão mais cara do aparelho, é vendido por R$ 15 499 na loja da Apple no Brasil.
O anúncio dos celulares da Huawei aconteceu em um evento promovido pela empresa na noite de terça-feira (17), em São Paulo Na ocasião, a gigante chinesa também divulgou que prepara a abertura da sua primeira loja física no País – cuja localidade não foi revelada.
Esses dois aparelhos dobráveis foram lançados no fim de 2024 na China, onde a empresa é líder em vendas. Por lá, o X6 está saindo por 13 mil yuans (cerca de R$ 10 mil) e o XT, por 20 mil yuans (cerca de R$ 15,5 mil).
A produção dos smartphones é feita unicamente na China, de onde são exportados para outros países. Por enquanto, não há planos de abrir manufatura, nem parcerias para fabricação por aqui, ao contrário das concorrentes.
Os preços estrondosos no mercado brasileiro são resultado de uma combinação de fatores, que envolvem materiais e tecnologia de ponta, despesas com pesquisa e desenvolvimento, custos logísticos de importação e, claro, carga tributária.
“Estes são os produtos com os preços mais altos que temos”, apontou o Diretor de Relações Institucionais da Huawei na América Latina, Carlos Morales, em entrevista à imprensa. “Eles são também dois produtos que fazem coisas que nenhum outro produto no mercado brasileiro ou no mercado global oferecem”, justificou. (Veja configurações abaixo). Morales acrescentou que as primeiras gerações de qualquer produto normalmente têm um preço alto em função do ineditismo e também pela necessidade de cobrir os gastos elevados com pesquisa e desenvolvimento.
Com os preços nas alturas, a Huawei sabe que não vai ter grandes volumes de vendas, como um iPhone. A estratégia, porém, é ocupar uma fatia no mercado de smartphones dobráveis e divulgar a marca e os seus atributos, abrindo caminho para outros modelos mais acessíveis que devem chegar ao longo dos próximos meses. “O que buscamos é uma maior conscientização da marca. Nem todo o público quer, pode ou está disposto a investir em um dispositivo dobrável a esse preço. Mas mais produtos virão no futuro, e aqueles que quiserem um aparelho dobrável agora podem tê-lo. Então, esta é uma opção para eles no mercado”, explicou o executivo.
Com isso, a Huawei busca marcar território em um setor cuja competição ficou mais acirrada nos últimos anos. Além das líderes Samsung, Apple e Motorola, outras marcas de smartphones desembarcaram por aqui, como foram os casos de Oppo, Realme, Jovi e Xiaomi, com aparelhos de entrada até modelos premium.
Apesar do anúncio oficial da Huawei, as vendas do Mate X6 e do Mate XT ainda não tem data exata para começar. Os aparelhos estão em fase final de homologação junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Segundo a Huawei, as vendas começarão “em breve”. Os produtos poderão ser encontrados nos sites de Amazon, Shopee, Mercado Livre e TikTok shop, além de lojas físicas da FastShop e Casas Bahia.
Retorno após embargo norte-americano
A Huawei deixou de vender smartphones no Brasil em 2019, após ser alvo de sanção pelos Estados Unidos. Nesse período, ela continuou vendendo outros produtos eletrônicos, como relógios inteligentes, fones de ouvido, tablets e notebooks.
Ainda no primeiro governo de Donald Trump, as empresas norte-americanas foram proibidas de fazer negócios com a Huawei. Na prática, a chinesa ficou impossibilitada de adotar os sistemas operacionais Android e IOS nos seus celulares, sendo forçada a desenvolver um sistema próprio.
Os aparelhos da companhia chinesa no Brasil vão rodar com o sistema operacional EMUI, que é uma interface personalizada e baseada no Android. Ele tem uma adaptação que permite a instalação dos aplicativos preferidos do público ocidental, como YouTube, Gmail, Whatsapp, Instagram ou Netflix, por exemplo. Na China, a empresa tem outro sistema, o Harmony OS. Segundo Morales, o EMUI está preparado para rodar também as atualizações desses aplicativos, sem risco de pararem de funcionar. Além disso, a companhia criou uma loja própria, a App Gallery, com oferta de outros milhares de aplicativos.
Configuração de ponta
O Mate XT Ultimate Design tem tela de 6,4 polegadas quando fechado, podendo atingir um display de 7,9 polegadas em duas telas e 10,2 polegadas em três telas – tamanho similar à de um tablet. Ele também é o mais fino da categoria de dobráveis, com espessura de 3,6 milímetros.
Para chegar a essa configuração, a Huawei desenvolveu uma tecnologia própria de telas flexíveis, mas resistentes, sem perder a sensibilidade ao toque. As telas têm resolução 3K, Oled LTPO, e brilho de até 1.800 nits, com suporte para mais de 1 bilhão de cores.
A câmera principal é de 50 megapixels (MP), e há também uma teleobjetiva de 12 MP, uma lente ultra-angular de 12 MP e uma câmera frontal de 8 MP. O aparelho tem uma bateria de ânodo de silício de 5.600 mAh e sistema de resfriamento com câmara de vapor em grafeno, cobre e aço.
Por sua vez, o Mate X6 traz tela OLED externa de 6,45 polegadas e tela interna de 7,93 polegadas, com brilho de até 2500 nits. O aparelho aberto tem 4,6 milímetros de espessura (1 mm a mais que a versão XT). A câmera principal tem capacidade de 48 MP, e a bateria, 5110 mAh.