Beatriz Lima Leal A coleção cruise 2026 da Louis Vuitton, assinada por Nicolas Ghesquière, reafirma seu talento para unir referências históricas com uma estética moderna e poderosa. Apresentada nessa quinta-feira (22) em Avignon, no imponente Palais des Papes — um dos maiores símbolos da arquitetura gótica europeia —, a coleção levou a plateia a uma viagem visual entre armaduras reluzentes, vestidos metálicos e acessórios que mais pareciam relíquias de um museu.
O local, símbolo do poder papal durante o século XIV e patrimônio da UNESCO, serviu como cenário épico para peças que faziam referência a figuras míticas como Joana d’Arc, reinterpretadas de forma glamourosa e contemporânea. Com tecidos luxuosos, bordados densos e brilhos metálicos, a proposta foi além da indumentária: era sobre a força feminina vestida com imponência.
Entre os 45 looks apresentados nesta coleção da Louis Vuitton, se destacaram: botas ornamentadas com espelhos, bolsas Alma com detalhes dourados inspirados em capas de manuscritos antigos e uma série de peças feitas com materiais inusitados, como ráfia e molduras de madeira criadas em parceria com o jovem artesão francês Thomas Roger. O próprio Ghesquière descreveu a coleção como uma “armadura cotidiana para as mulheres”.
A paleta de cores da coleção passeou entre tons clássicos como vinho, cinza, preto e branco, até nuances metálicas como prata e dourado. Também ganham espaço cores vibrantes como laranja, amarelo e azul, equilibradas por tons suaves como bege, rosa e marrom. Essa diversidade cromática reflete uma proposta versátil, que transita entre o ousado e o delicado.
Nos materiais e acabamentos, a coleção aposta em texturas ricas e contrastes marcantes: couro e camurça aparecem em peças estruturadas, enquanto bordados detalhados, e aplicações florais trazem um toque romântico e artesanal. A pele (fake) adiciona um elemento dramático e luxuoso ao styling.
As silhuetas exploram o universo medieval com uma pegada contemporânea — saias fluidas em camadas, cintos marcando a cintura, mangas bufantes e recortes estratégicos conferem movimento e imponência às peças. Assimetrias bem pensadas reforçam o ar de originalidade, enquanto o uso de volume proporciona impacto visual.
Nas estampas, há uma mistura de referências e estilos: o floral divide espaço com o listrado, o animal print surge em contraste com padronagens geométricas ousadas, e o xadrez aparece renovado em novas proporções e combinações de cores. O resultado é uma coleção que celebra a mistura entre o passado e o presente, com um olhar criativo e sensorial sobre moda e identidade.
A conexão entre moda e cultura foi estendida a toda a experiência Louis Vuitton: convidados da maison foram recebidos em hotéis pela região de Provence, com direito a degustações de azeite, visitas a mercados de antiguidades e jantares ao ar livre em cenários pitorescos. A marca mostra, mais uma vez, que seus desfiles não são apenas sobre roupas, mas sobre criar um universo sensorial completo — em que arte, história e moda coexistem com naturalidade.
