Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira (21), o brigadeiro Carlos Baptista Junior admitiu que houve um “brainstorming” sobre a possível prisão de autoridades durante reunião realizada entre os dias 1º e 14 de novembro no Palácio da Alvorada com a participação do então presidente Jair Bolsonaro e dos chefes das Forças Armadas. Na ocasião, segundo o ex-comandante da Aeronáutica, foi ventilada a possibilidade de prender o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes.
Isso era no ‘brainstorming’ das reuniões, isso aconteceu. Eu lembro que houve essa cogitação de prender o ministro Alexandre de Moraes, que era presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). ‘Amanhã o STF vai dar o habeas corpus para soltar ele e nós vamos fazer o quê? Vamos prender os outros?'”, disse, sem especificar o interlocutor.
Baptista Junior foi ouvido na condição de testemunha no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Bolsonaro e aliados. Ele foi inquirido pelo chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, e pelos advogados de Bolsonaro, do general Walter Braga Netto e do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.
Durante o depoimento, Baptista Junior também confirmou que, em novembro de 2022, o general Marco Antônio Freire Gomes, então chefe do Exército, ameaçou prender Bolsonaro, caso o ex-presidente seguisse com o plano de decretar garantia da lei e da Ordem (GLO) para impedir a posse de Lula. O brigadeiro afirmou ainda que o almirante Garnier foi a favor da ruptura democrática e chegou a disponibilizar as tropas da Marinha para participar do intento golpista. (com Estadão Conteúdo)