O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, faleceu nesta terça-feira (13) aos 89 anos. Em abril de 2024, anunciou um tumor no estômago, como órgão “muito comprometido”. Ele governou o país entre 2010 e 2015.
De acordo com Mujica, seu quadro de saúde era “duplamente complexo, porque eu já sofro de uma doença imunológica há mais de 20 anos que afetou, entre outras coisas, meus rins, o que cria dificuldades óbvias para técnicas de quimioterapia e uma cirurgia”.
Em outubro, fez um discurso com tom de despedida, ao afirmar “estar perto de se retirar para o lugar de onde não se volta” em primeira aparição pública desde que voltou para casa do hospital, em agosto. Na ocasião, sua médica disse ter “fortes convicções” de que ele estaria curado do câncer, mas sua saúde permanecia “frágil”.
Biografia
Mujica nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935. Nos anos 1960, ele se tornou membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros. O grupo teve destaque antes da ditadura militar uruguaia, em 1973, por assaltar bancos e distribuir comida e dinheiro roubado aos pobres. Ele foi ferido quatro vezes em confrontos policiais, escapou duas vezes da prisão até ser recapturado, definitivamente, em 1972.
Mujica foi eleito sucessor de Tabaré Vasquez, em 2010. O gasto social saiu de 60,9% do total do gasto público para 75,5%, além de aumentar o salário mínimo em 250%. Em 2012, propôs a legalização de consumo e venda de maconha, que hoje é realidade no país. Era conhecido por ser simples, negou morar na Residência de Suárez, e continuou morando e uma casa simples, nos arredores da capital e dirigia seu próprio Fusca ano 1987.
Ele voltou ao Senado após deixar o Executivo, até entregar o cargo em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, por motivos de saúde. Acredita-se que ele doava 90% de seu salário de ex-presidente para projetos de combate à pobreza.