Raphael Oliveira A Polícia Federal identificou que o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, usou uma empresa registrada em paraíso fiscal para adquirir imóveis em Brasília (DF) e São Paulo (SP), como parte de um esquema de fraudes que teria causado um rombo bilionário nos cofres do INSS. Segundo o relatório da PF, Antônio movimentou R$ 12,2 milhões em 150 dias e teve um crescimento patrimonial de R$ 14 milhões entre abril e julho de 2024.
O lobista é apontado como peça-chave em um esquema nacional que impôs descontos indevidos nas aposentadorias e pensões de milhões de beneficiários. Parte da estrutura criminosa operava a partir de empresas e entidades com atuação direta ou sede na capital federal. De acordo com os investigadores, as empresas ligadas a Antônio compartilhavam o mesmo endereço, telefone e capital social, levantando suspeitas de serem de fachada para o desvio de recursos.
As investigações revelaram que o grupo fazia uso de convênios com associações e sindicatos sediados em Brasília, que repassavam parte dos valores a servidores do INSS. O esquema incluía o repasse imediato dos recursos recebidos, evitando acúmulo em contas e dificultando o rastreamento dos valores.
A operação deflagrada em 22 de abril pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) cumpriu 211 mandados judiciais, incluindo ordens de busca, apreensão e sequestro de bens estimados em mais de R$ 1 bilhão, além de seis mandados de prisão. O escândalo levou à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e ao afastamento de servidores.
Diante da gravidade, o governo federal determinou a suspensão por tempo indeterminado dos descontos em folha relacionados a convênios com entidades associativas. O ministro da CGU, Vinicius de Carvalho, afirmou que será apresentado um plano de ressarcimento aos aposentados e pensionistas prejudicados, mas ainda não há data definida.
Resumo do caso
A Polícia Federal apura um esquema de fraudes envolvendo o desconto indevido de mensalidades associativas diretamente nos benefícios do INSS. O prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. O lobista Antônio Carlos Antunes, o “Careca do INSS”, é acusado de movimentar milhões por meio de empresas de fachada e de adquirir imóveis em Brasília, onde parte do esquema teria sido articulado. O caso gerou uma reação imediata do governo, com demissões, prisões e revisão dos convênios do INSS com entidades em todo o país.
