Representantes de diversas crenças e religiões no Brasil expressaram pesar pela morte do papa Francisco, líder da Igreja Católica, ocorrida na madrugada deste domingo (21). O pontífice, nascido Jorge Mario Bergoglio, morreu aos 88 anos após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), seguido de coma e colapso cardiovascular irreversível.
Unidade no luto
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) classificou a perda como “uma grande perda para a humanidade”. Em nota, destacou o carisma e a visão inclusiva do papa, lembrando seu compromisso com o combate ao antissemitismo e ao racismo. “O papa Francisco, com seu carisma e visão inclusiva, tocou o coração das pessoas em seu papado transformador”, afirmou a Conib.
“Que seu legado continue a nos guiar na busca por um mundo mais humano, justo e pacífico.”
A Federação Israelita do Estado de São Paulo também manifestou solidariedade aos católicos. Para a entidade, o papa foi um “líder incansável na luta contra o discurso de ódio, o racismo e todas as formas de intolerância”.
Diálogo entre religiões
O Centro de Divulgação do Islam Para América Latina (CDIAL) destacou a trajetória singular do pontífice, primeiro jesuíta e latino-americano a liderar a Igreja Católica. A entidade ressaltou seu compromisso com os mais pobres, os direitos humanos e a paz mundial.
“Sua postura aberta e acolhedora deixou uma marca indelével na história da Igreja e do mundo”, afirmou o CDIAL.
A Federação Espírita Brasileira descreveu Francisco como um “dedicado irmão na doutrina cristã”, que aproximou fiéis católicos e membros de outras tradições religiosas. Segundo a nota, ele promoveu o debate inter-religioso e defendeu pautas humanitárias como o acolhimento de refugiados e o enfrentamento das mudanças climáticas.
Reconhecimento entre evangélicos
A Frente de Evangélicos também prestou homenagem ao papa, destacando sua simplicidade e defesa dos direitos humanos. Em referência à sua última aparição pública, durante a Páscoa, a nota lembrou seu apelo por um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
“Reconhecemos em sua liderança os ensinos de Jesus de solidariedade, paz, amor e igualdade”, diz o texto.
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) ressaltou a coragem de Francisco ao denunciar “colonialismos contemporâneos que ferem a dignidade humana” e sua defesa dos direitos à terra, ao teto e ao trabalho. “Sua vida foi um testemunho corajoso em contextos hostis”, afirmou o conselho.
Axé e respeito à diversidade
Mãe Meninazinha de Oxum, iyalorixá do Ilê Omolu Oxum, exaltou a atuação do papa no combate às injustiças. “Ele será lembrado e celebrado por enfrentar todas as formas de preconceito. Era uma verdadeira luz para o mundo”, disse.
A coordenadora nacional da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), Mãe Nilce de Iansã, escreveu que o papa Francisco “semeou amor por onde passou”. Para ela, seu sorriso simbolizava acolhimento e respeito à diversidade.
“Certamente a força de seu trabalho germinará para as gerações futuras”, declarou.
Um legado que ultrapassa fronteiras
Ao longo de seu papado, iniciado em 2013, o papa Francisco se destacou por uma liderança voltada à inclusão, à compaixão e ao diálogo. Com palavras e gestos, conquistou a admiração até mesmo de quem professava outras crenças. Sua partida deixa um vazio espiritual profundo, e um legado que continuará inspirando lideranças e fiéis em todo o mundo.