GPS Brasília comscore

Pinceladas eternas: a jornada de Glênio Bianchetti na Capital da República

Quase 10 anos após a morte do artista, a família e a curadora Marília Panitz vão lançar um acervo on-line de Bianchetti e planejam abrir seu ateliê para o público

Compartilhe:

Quem não conhece o nome Glênio Bianchetti, precisa estar mais atento à história de Brasília. As jornadas são quase que indissociáveis e refletem a beleza, mas também a tristeza que a capital federal abarcou. Bianchetti é gaúcho de coração brasiliense, chegou na terra seca em 1962 à convite de Darcy Ribeiro, na época ministro da educação.

 

O artista que começou em Porto Alegre, após passar pelos corredores do Instituto de Belas Artes da capital sulista, entrou em contato de forma profunda com a xilografia e na linoleogravura. Não demorou muito, no entanto, para se tornar quem foi: um artista completo que dominava diversas técnicas artísticas. Tão completo que a abertura de um portal de intercâmbio artístico que transcendeu fronteiras foi natural, já esteve com criativos da Índia, Estados Unidos, União Soviética, Itália, França, Alemanha e México.  

 

Chegando a Brasília, junto com a esposa Ailema e seis filhos pequenos, percebeu que seu destino estava associado ao da cidade e nela viveu até o fim de sua vida — em 2014. Bianchetti veio para ser professor na Universidade de Brasília (UnB) e, por ali, foi o primeiro diretor do Ateliê de Artes Plásticas e do Setor Gráfico, além de, anos depois, ter criado o Instituto de Artes do local. Também no Instituto Central de Ciências passou um dos momento mais difíceis de sua vida, quando foi preso pela Ditadura Militar em 1965, apenas dois anos após sua chegada.

 

Glenio Bianchetti (2).JPG
Glênio e Ailema

 

Após ser solto, seguiu a vida da produção artística e em 1988 retornou à universidade. Enquanto isso, fora da academia, nos círculos artísticos, a notoriedade era inegável. Até mesmo Jorge Amado, em 1972, ergueu a voz para um elogio a Bianchetti, escrevendo: “Sou um velho admirador da arte de Bianchetti, mestre inconteste da cor, tomando dela para fazê-la pão e vida, drama e ternura. Seus quadros me comoveram com sua luz profunda, tão buscada e conseguida, tão brasileira”.  

 

Com uma vasta produção de obras, coleção artística, literárias e de conhecimento, Glênio é um dos artistas mais conceituados no Brasil e é reconhecido por ter feito parte da história de Brasília. Diante disso, duas novidades envolvendo seu trabalho estão vindo por aí. O primeiro, o “Acervo Digital Glênio Bianchetti” e o segundo, a “Casa Atelier Glênio Bianchetti”. 

 

O Acervo Digital Glênio Bianchetti tem curadoria de Marília Panitz e será alocado em um site gratuito para que ao menos 21 obras do artista estejam disponíveis. O projeto é patrocinado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC), disponibilizado pela Secretaria de Cultura do DF. 

 

Junto com Marília está Joana Piantino, neta de Bianchetti, que a pedido da avó, também está na coordenação do acervo e da Casa Atelier Glênio Bianchetti. O espaço ficará na, no Lago Norte, no verdadeiro ateliê do artista gaúcho. Será um santuário do legado do artista. “Seus trabalhos durante décadas contribuíram para a construção da identidade artística de muitos artistas, e seu lar será aberto para mais muitos que ainda virão”, destaca Joana.

 

1976_021_moça co vaso_65 x 25_acrilico s_t_producao cinematografica ltda (2).jpg

 

1976_021_moça co vaso_65 x 25_acrilico s_t_producao cinematografica ltda (3).jpg

 

Ainda não há data de abertura para o ateliê, mas o site deve ser finalizado ainda este mês. A intenção é que tanto o acervo quanto o site sejam uma “plataforma de pesquisa que poderá ser utilizada por estudantes e pesquisadores das artes visuais e plásticas, de escolas e universidades”, conta Joana. “Tem como meta conquistar um público diversificado, agregando pessoas que ainda não conhecem o trabalho de Glênio”, finaliza.

 

SERVIÇO 
Projeto Acervo Digital – Glenio Bianchetti 
Instagram: @casaateliergleniobianchetti