Durante a gestação, as necessidades nutricionais da mulher passam por mudanças significativas, refletindo a demanda crescente para o desenvolvimento do bebê. Por isso, é preciso manter a alimentação considerada saudável, rica em vitaminas e minerais, para o bem da mãe e filho.
De acordo com a nutricionista Anne Guedes, o aumento de certos nutrientes é fundamental, mas também é necessário estar atenta aos cuidados com a alimentação para prevenir complicações.
O corpo da mãe sofre adaptações essenciais para sustentar a gravidez, e entre as mais notáveis estão as mudanças no sistema digestivo. A especialista explica que, no início da gestação, a demanda por vitaminas e minerais, como ácido fólico, vitaminas do complexo B, zinco, selênio e magnésio, aumenta consideravelmente. Esses nutrientes são fundamentais para o desenvolvimento do bebê, principalmente para a formação do tubo neural.
No entanto, o aumento do hormônio progesterona, que relaxa a musculatura lisa para manter o bebê no ventre, pode causar sintomas desconfortáveis, como náuseas, vômitos, azia e constipação. A digestão mais lenta durante essa fase é um reflexo dessas alterações hormonais, o que torna o acompanhamento nutricional ainda mais importante.
Mitos sobre a dieta da gestante
Embora não seja necessária uma dieta rígida durante a gestação, a nutricionista destaca que fazer boas escolhas é crucial. “Alguns estudos mostram que a alimentação da mãe durante a gestação influencia no padrão alimentar da criança, bem como na predisposição a doenças na vida adulta”, afirma Anne. A chave está em garantir uma dieta equilibrada, com foco em alimentos nutritivos, sem recorrer a restrições severas.
Negligenciar a alimentação durante a gestação é arriscar a saúde da mãe e do bebê. “A gestação por si só já é uma situação delicada, com diversos riscos para a mãe e para o filho. Se há a possibilidade de minimizar riscos de aborto espontâneo, diabetes gestacional, pré-eclampsia ou até mesmo má formações no bebê, por que não dar a devida importância?” , alerta Anne Guedes.
Diabetes gestacional
Recentemente, um aumento no número de casos de diabetes gestacional tem sido observado por profissionais, o que preocupa especialistas no assunto. Segundo a nutricionista, fatores como obesidade, sedentarismo, idade avançada e histórico familiar contribuem para o crescimento dessa condição. Além disso, a maior conscientização sobre o assunto, impulsionada pelo acesso à informação, tem revelado mais diagnósticos.
A diabetes gestacional ocorre quando o corpo da gestante não consegue produzir insulina suficiente para atender às necessidades aumentadas da gravidez, o que resulta em níveis elevados de glicose no sangue. Essa condição pode afetar mãe e bebê, desencadeando o risco de complicações, como aborto, prematuridade, desconforto respiratório e macrossomia. Em contrapartida, uma alimentação balanceada aliada à prática regular de atividade física é a principal forma de tratar a condição.
Alimentos permitidos e proibidos na gravidez
A preocupação com a alimentação da gestante vai além de escolher as comidas certas, também é essencial evitar itens que possam oferecer riscos à saúde. Anne alerta sobre carnes cruas, ovos mal cozidos, laticínios não pasteurizados e verduras cruas de lugares duvidosos, que podem conter bactérias e parasitas. A cafeína em excesso também deve ser evitada. “Recomendo às minhas pacientes limitar a ingestão de cafeína a cerca de 200 miligramas por dia, o que equivale a aproximadamente uma a duas xícaras de café, a depender da forma de preparo”, ressalta.
O outro lado da moeda são os alimentos naturais e os orgânicos, que são altamente recomendados. “Consumir carboidratos de forma equilibrada, acompanhados de proteínas magras, beber bastante água, consumir três porções de frutas e três porções de vegetais por dia, garantem parte da nutrição da mãe e do bebê”, explica a especialista.
Para aquelas que estão tentando engravidar, a nutrição também pode ser uma aliada. Por isso, é indicado consumir alimentos certos e realizar uma suplementação adequada por pelo menos três meses antes da concepção, já que, assim, há um aumento das chances de gravidez e de redução do riscos durante a gestação. “O número de estudos voltados para a fertilidade tem aumentado ano após ano e, hoje, a nutrição é uma grande, senão a principal, aliada para realizar o sonho de tantos casais”, completa Anne.