**Um hermano para lá de simpático**, sorridente e amante do Brasil. **Leandro Erlich** tem talento, simpatia e humildade do mesmo tanto que suas obras são curiosas, instigantes e provocativas. Em coquetel realizado no fim da tarde dessa quinta-feira, 19, o artista **papeou, riu e fez piadas camaradas** em seu discurso para os convidados do Centro Cultural de Brasília. Aqui é a parada final de **_A Tensão_**, mostra que reúne um conjunto de obras de grandes proporções que mexe com a forma como percebemos os espaços a nossa volta.
Em cartaz **até o 23 de abril**, a exposição ocupa a **Galeria Três e o Pavilhão de Vidro**. Na primeira é onde estão a maioria das obras dessa individual de Erlich, com destaque para **_Classroom_**, uma “_sala de aula_” que reflete num vidro a imagem do visitante, como se este fosse um fantasma numa sala de aula abandonada. Na outra, está **_Swimming Pool_** (Piscina) obra que provoca **sensações absurdas** tanto por quem entra nela – sem se molhar – quanto para quem está do lado de fora: uma camada de água entre um lado e outro cria a **ilusão** de que as pessoas ao fundo estão de fato mergulhadas numa piscina.
A exposição, que tem **entrada é gratuita** e classificação indicativa livre, ganhou um **nome bastante explícito** – _A Tensão_ – (e **sonoramente ambíguo**: quem não lê pode ouvir “atenção”), revela um dos prováveis sentimentos que os visitantes sentirão diante das instalações do artista. Isso porque Erlich trabalha com **referências** que são, literalmente, **espaços corriqueiros** que estamos acostumados a ver no dia a dia, mas **deslocados** da condição de normalidade.
>“A cada etapa dessa viagem pela exposição, nos damos conta da relação entre expectativa, tensão e atenção que traduzem o espírito de um tempo de incertezas”, explica o curador Marcello Dantas.
**Sobre Leandro Erlich**
Nascido em 1973 e produzindo suas obras em seus ateliês em **Buenos Aires e Montevidéu**, Erlich está constantemente rompendo as fronteiras que normalmente acreditamos existir entre a realidade e a ilusão. “_Estou interessado principalmente em transformar elementos que as pessoas acreditam que não podem ser transformados, que não podem ser diferentes. Trata-se de uma utopia de apresentar a possibilidade de transformar o que existe em uma outra coisa, e essa ação nos convida a imaginar a realidade de uma maneira diferente_”, explica Leandro.
Erlich participou de algumas **grandes exposições** no Brasil. Em 1997, integrou o rol de artistas que estiveram na **1ª Bienal do Mercosul** e, em 2004, figurou entre os nomes da **26ª Bienal de São Paulo**. Em 2001, representou a Argentina na **49ª Bienal de Veneza**, onde voltou a estar em 2005. São, também, dezenas as grandes exposições **coletivas** em que Erlich esteve, assim como são dezenas as exposições **individuais** dele pelo mundo: New York, Barcelona, Londres, Seul, Paris, Buenos Aires: onde quer que seja exposta, a arte de Leandro Erlich **provoca o público**.
Num texto de 2021 publicado em seu blog, o especialista em arte latino-americana **Hans Herzog** associou o trabalho de Erlich ao **_trompe-l’oeils_ de Escher**, por provocarem espanto e surpresa e por serem “_levemente sinistros_”.
As **ilusões óticas e a subversão da realidade** propostas por Erlich fazem dele um artista, simultaneamente, **conceitual e tremendamente popular**. A exposição “_Ver e crer_”, no Museu Mori de Tokio, aberta no fim de 2017, atraiu **400 mil espectadores pagantes nos três primeiros meses**, superando a bilheteria alcançada pelo japonês Takashi Murakami (315 mil ingressos) e se aproximando do resultado obtido pelo Ai Weiwei (460 mil) no mesmo período. À época, o museu destacou o **interesse** que a obra do argentino provocava **entre os jovens e adolescentes**, que representavam cerca de metade dos visitantes.
Além de **provocar o olhar** destes visitantes em particular, as obras de Erlich **convidam à interação nas redes sociais**: o Instagram ficou cheio de fotos de jovens integrados ao espaço expositivo e esse foi um dos motores, também, do sucesso de público. Em 2018, ao **transformar o teto** de uma enorme loja de departamentos de Paris em **céu artificial**, foi chamado pela imprensa, positivamente, de “_manipulador do real_” e de “_o mágico da arte_”. Justamente por **dialogar com o entorno e com as experiências prévias dos visitantes**, o trabalho de Leandro Erlich expressa como poucos nossa época.
Ao se dirigir aos convidados do CCBB para o vernissage em Brasília, **agradeceu** aos patrocinadores **e contou** que “_na Argentina, os casamentos são festas que duram horas, e sempre terminam com músicas brasileiras. É tradição, todo mundo louco, louco, festejando com muita alegria. E este é o meu sentimento ao finalizar a exposição em Brasília. Me dá muita alegria poder compartilhar essa experiência com todos vocês. Muchas gracias!_”
A cidade que deve se sentir agradecida por entrar na programação de _A Tensão_. Confira mais imagens desse momento pelas lentes de **JP Rodrigues, com exclusividade para o GPS|Lifetime**:
**Serviço**
A Tensão de Leandro Erlich (1973-)
De 21 de janeiro a 23 de abril de 2023
Terça a domingo, das 9h às 20h30
Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
SCES, Trecho 2 – Brasília/DF
Entrada gratuita, com retirada de ingresso no site bb.com.br/cultura
Classificação indicativa Livre
