Lula Mattos A princípio pode parecer que sim. Anora seria um conto de fadas moderno, mas não é isso que acontece. Na produção, a heroína é uma trabalhadora sexual que exerce sua profissão num clube de streeptease, um estabelecimento de luxo – seguro, frequentado por homens endinheirados e dispostos a pagar o preço que for para ter a companhia da garota que escolher.
As relações entre as profissionais e seus clientes, não necessariamente incluem relações sexuais, a não ser o que for combinado, de comum acordo e mediante pagamento extra.
Ani, como Anora pefere ser chamada, é uma das garotas de maior destaque e a mais cobiçada no clube. Ela é uma streeper uzbeque-americana, e por falar um pouco de russo, é frequentemente designada para atender clientes russos. Ani é uma garota esperta, que sabe administrar sua profissão muito bem, decidindo o que quer e como quer, com total controle da sua vida.
Entre seus clientes recorrentes está Nick (Mark Eidelstein), filho de um oligarca russo, um garoto irresponsável e inconsequente que vive uma vida de luxo, sem regras e sem compromissos, a não ser com um único objetivo que é adquirir tudo o que o dinheiro pode comprar, sem restrições. A vida é uma festa interminável, com muito luxo, drogas e bebidas, para ele e seus amigos que orbitam à sua volta.
Ani passa a fazer parte dessa turma, e num impulso se casa com Nick, passando a viver um sonho de Cinderela, até que os pais de Nick ficam sabendo do casamento e o conto de fadas é ameaçado, quando eles partem para Nova York para anular o casamento.
E aí que a jovem e praticamente desconhecida atriz Mickey Madison dá um show de interpretação, sobretudo numa guerra particular com Igor (Yura Borisov) , o capanga designado pelos pais de Nick para lidar com Anora e conseguir a anulação do casamento.
As cenas são tensas, violentas, frenéticas, que eventualmente recaem numa comédia rasgada onde os dois autores mostram seu talento e não à toa, ambos são indicados a Melhor Atriz e Melhor Ator coadjuvante ao Oscar 2025.
Preparem-se para a última cena, linda, emocionante, avassaladora!
Anora levou o Oscar 2025 de Melhor Filme e sua protagonista, a jovem atriz Mikey Madison, o Oscar de Melhor Atriz. Ainda levou o de Melhor Direção, Melhor Edição e Melhor e Melhor Roteiro Original.
Lula Mattos é arquiteta, mas sua paixão sempre foi o cinema. Possui formação em Crítica de Cinema e também fez cursos na área com Alberto Renault e Humberto Silva. É admiradora do chamado “cinema de autor”, mas faz sugestões e produz conteúdo que abrange todos os gêneros, sempre inserindo um olhar pessoal em suas críticas e resenhas.
