O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele, que representa 31,3% dos casos, segundo dados mais recentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Depois, a lista segue com o câncer de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).
De acordo com o oncologista Daniel Vargas, o clima tropical e a alta exposição solar faz o País ter uma alta incidência de câncer de pele não melanona — que se desenvolve nas células da pele que não produzem melanina. “A exposição solar que ocorre na infância, adolescência, os primeiros anos da juventude, eles vão causar danos na pele que podem levar ao desenvolvimento de câncer cerca de 20, 30 até 40 anos depois”, explica o oncologista.
Vargas alerta que, em países como o Brasil, com grande incidência de radiação ultravioleta (UV), a conscientização sobre o uso de proteção solar, como protetor solar e roupas adequadas, é essencial para a prevenção.
“Esses tumores [na mama, pulmão, cólon e reto] são principalmente associados ao envelhecimento populacional e a alguns fatores de risco que a gente conhece. Por exemplo, o câncer de pulmão é muito associado ao consumo de tabaco e também a poluição ambiental. O câncer colorretal tem muita relação com a alimentação dos indivíduos, bem como o câncer de estômago”, explica Vargas.
Ele ressalta que, apesar da influência genética ser importante, representando cerca de 10% dos casos, os fatores ambientais e comportamentais são mais decisivos no desenvolvimento desses tumores.
Em relação aos tipos de câncer que afetam o cólon, o reto e o ânus, o coloproctologista Danilo Munhóz ressalta que, apesar de comuns, eles ainda são pouco discutidos e muitas pessoas ainda não têm conhecimento suficiente sobre seus sintomas, fatores de risco e métodos de prevenção.
“A falta de informação pode atrasar o diagnóstico precoce, que é crucial para aumentar as chances de sucesso no tratamento. É vital que campanhas de conscientização sejam intensificadas para alertar a população sobre a importância das consultas médicas regulares e dos exames preventivos, além de promover a desmistificação do tema, encorajando um diálogo aberto e informado sobre essas condições”, explica Munhóz.
Como identificar precocemente?
O oncologista Daniel Vargas destaca a importância de observar sinais que podem indicar a presença de um câncer. Eles podem variar dependendo do tipo de câncer, mas alguns são comuns em várias formas da doença e indica buscar um médico para uma investigação mais aprofundada.
“Cansaço excessivo, perda de peso que não é justificável por uma mudança de atividade física ou por mudança de dieta, uma redução do apetite que não seja justificável também pelo uso de algum medicamento para tratamento de alguma doença, febre, todos esses são fatores que a gente usamos como sinais. Aquela dor que não está associada a algum esforço físico, alguma atividade e que tem uma duração superior a duas semanas e está persistindo”, afirma Vargas.
O oncologista ainda cita a importância de prestar atenção em mudanças nas fezes, como sangue, ou dor persistente que não desaparece após algumas semanas.
A combinação de hábitos saudáveis e exames regulares e de rastreamento podem salvar vidas, já que o diagnóstico precoce é a chave para aumentar as chances de cura de qualquer paciente. “O estágio da doença no momento do diagnóstico é o principal fator para determinar o tratamento. Quando detectado precocemente, o câncer pode ser tratado com intervenções menos invasivas, causando menos efeitos colaterais”, explica.