A fotógrafa Silvia Husek decidiu, a partir de reflexões pessoais, retrata o envelhecimento do corpo feminino por meio de autorretratos. Foi assim que foi criada a exposição Viver é Morrer, que chega a Brasília na segunda quinzena de fevereiro.
“O nosso corpo nunca é inteiramente nosso. Desde que nascemos passamos por diversas rupturas que reforçam a não pertença de onde habitamos. Construções culturais que vão nos empurrando para cabermos naquilo que não somos. Nenhum corpo é suficiente“, escreve Danny Bittencourt, autora do texto curatorial da exposição.
Aos 56 anos, a artista, por meio do seu próprio corpo, reflete sobre o seu envelhecimento de forma profunda, poética e densa, a partir de uma inquietação.
“Depois dos 50 anos eu comecei a observar mais atentamente as marcas do nascimento no meu corpo, no meu rosto, e comecei a pensar sobre essas questões que, pra quem viveu os anos 1980, eram extremamente fortes. E para o homem essa questão do envelhecimento nunca foi muito problema, porque o cabelo branco era um charme, já para a mulher já é uma questão de idade, ser velha. E então, através da fotografia eu comecei a me expressar”, conta Silvia.
O trabalho apresentado por ela são com fotografias híbridas, em que Silvia imprime as cópias de autorretratos e faz alguma intervenção sobre elas, como uma costura ou até colocar fogo, por exemplo. “Algo que, durante o processo, me remeta àquele desconforto”, diz Silvia.
Segundo ela, o intuito da mostra é fazer com que o envelhecimento chegue para ela e outras mulheres de forma mais confortável, para que ela possa se sentir mais confortável dentro do seu corpo e com decisões sobre a beleza que partam sempre de si mesma e não por uma imposição da sociedade.
A mostra já foi exibida em São Paulo, onde a artista mora. Na capital federal, o trabalho com cerca de 30 fotos ficará em cartaz no Museu dos Correios, na Asa Sul, até o início de abril.