O relatório do BTG Pactual revela que o Brasil deve se tornar o segundo país com maior déficit nominal do mundo em 2025. A projeção macroeconômica coloca o saldo negativo do governo neste ano em 8,6% do Produto Interno Bruto (PIB). O levanto, com 22 países, mostra que apenas a Bolívia ficara na frente do Brasil, com déficit médio de 9,7% do PIB.
A Índia e a China seguem o Brasil com resultado fiscal negativo de 7,6% do PIB, ou seja, com 1% de diferença do Brasil.
O déficit nominal se dá pelo resultado das receitas menos as despesas do governo, incluindo o pagamento dos juros da dívida pública. O resultado é um indicativo para apontar a saúde financeira do país, além da trajetória da dívida pública.
Entre os países emergentes, o Brasil é o único que apresenta uma piora entre 2024 e 2025. As projeções indicam que os déficits da Bolívia (0,7%) e Índia (0,2%) caiam entre os anos.
Em novembro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou um pacote de medidas que limita os gastos do governo a 2,5% além da em inflação (em momentos de crescimento econômico). Mesmo assim, para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o desequilíbrio nos resultados é consequência de um cenário contínuo nos gastos do governo.
“Esse é o resultado do desajuste fiscal dos últimos dois anos. Enquanto não entrarmos em um cenário de déficit primário mais elevado e que, consequentemente, traz mais estabilidade ao cenário econômico e a possibilidade de baixar a taxa de juros lá na frente”, explica.
Vale ressalta que a única escolha que não piora o cenário fiscal do Brasil é a melhora das políticas fiscais.
O que se argumentava em questão do arcabouço é que existem despesas do Executivo que não se adequavam ao limite. A solução, aprovada em Congresso, foi de limitar o crescimento do salário-mínimo à mesma taxa. A regra antiga tinha outro cálculo: valor seria ajustado pelo produto da inflação apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos 12 meses e o Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.
Fabio Giambiagi, economista e pesquisador do FGV/Ibre, afirmou que a nova regra não é suficiente para estabilizar a dívida pública: “Em um ano, a taxa aumenta essa despesa em mais de R$ 14 bilhões. No segundo ano são R$ 29 bilhões, e o impacto na dívida, com o efeito inicial, já é de R$ 43 bilhões. No terceiro ano, o plus da dívida já será R$ 86 bilhões, e assim sucessivamente”, escreveu em artigo publicado no Brazil Journal.