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“Ter um imóvel não significa ter um lar”, alerta Augusto Cury

O psiquiatra Augusto Cury virá a Brasília para lançar o programa Mentes Saudáveis e Lares Felizes. A iniciativa é homônima ao livro escrito em parceria com Marcus Araujo, especialista em imóveis. Em entrevista exclusiva ao GPS, Cury discorreu sobre a importância de cuidar da própria casa.

 

O escritor, que tem mais de 70 livros publicados, conta que alerta para a necessidade de pensar na saúde mental há décadas. Com a pandemia, os lares passaram a ter uma importância central, por conta do isolamento social imposto às famílias. Assim, os imóveis viraram um ponto central para satisfação ou descontentamento das pessoas.

 

“Ter um imóvel não significa ter um lar. Um imóvel pode ser comprado de acordo com os recursos de cada um, mas um lar não pode ser comprado com recursos financeiros. Um lar não é construído com tijolos, mas sim com relações saudáveis”, alerta.

 

O palestrante veio à capital para um evento em parceria com a FGR Incorporações. Veja como foi a conversa com Augusto Cury:

 

No seu livro Mentes saudáveis, lares felizes, você se uniu a Marcus Araujo para falar sobre moradia. Como surgiu essa ideia? 
O planeta mente humana e o planeta casa estão muito próximos fisicamente, mas muito distantes emocionante. Marcus Araujo é um estudioso e autor de uma tese sobre o futuro das habitações. Suas previsões me chamaram a atenção pois apontam para um mundo de famílias diminutas e pessoas morando sozinhas em grande quantidade. Através da curadoria dele, as ferramentas do programa de gestão da emoção de minha autoria ganharam uma nova aplicação, uma entrega para as famílias. O livro foi uma consequência natural.

 

Como tornar a casa um lugar saudável de fato? Como essa mudança repercute na vida das famílias?
Precisamos de pessoas admiráveis dentro das casas. O amor só permanece através da admiração mútua. Ter um imóvel não significa ter um lar. Um imóvel pode ser comprado de acordo com os recursos de cada um, mas um lar não pode ser comprado com recursos financeiros. Um lar não é construído com tijolos, mas sim com relações saudáveis: não elevar o tom de voz, ver um charme nos defeitos suportáveis do cônjuge, elogiar a quem se ama durante as refeições ao invés de apenas tirar fotos dos alimentos saborosos e postar nas redes sociais para os seguidores que muitas vezes não se conhece pessoalmente.  

 

Durante a pandemia, as pessoas passaram a enxergar as próprias casas de uma forma diferente, já que trabalhavam em casa e tinham momentos de lazer em casa. Você acha que a visão sobre o próprio lar mudou permanentemente? 
Sim. Os imóveis se tornaram um lugar de maior permanência. Muitos hoje até dão desculpas para os amigos para não saírem de casa. Isso mudou para sempre, mas a alta convivência gera desgastes nas relações entre os integrantes das famílias. Apenas ficar mais tempo em casa não garante que as relações serão mais saudáveis.

 

São tempos onde a saúde mental tem entrado em debate. Como psiquiatra e formador de opinião, você se sente responsável por pautar esse assunto antes dessa mudança de pensamento?
Já venho alertando sobre as questões que a sociedade está enfrentando hoje no quesito saúde mental há mais de duas décadas. Mas a grande maioria das pessoas só entendeu que a saúde mental é novo luxo a partir da entrada massiva das pessoas na internet. Hoje temos 5 bilhões de pessoas conectados à internet. Não há nada que aconteça no mundo que não tenha alguém com uma câmera para filmar, mesmo em alto mar, em um salto de uma baleia no oceano, tem alguém por perto para captar o lindo salto. Mas o medo de ataques dos haters é o novo medo. O nome é antigo, alodoxafobia, medo da opinião alheia, mas esse medo só ganhou proporção planetária por causa da internet.

 

Em tempos pós-isolamento social, como você enxerga essa retomada dos relacionamentos e dos eventos presenciais? As pessoas ainda carregam sequelas?
O programa Mentes Saudáveis, Lares felizes, de minha autoria, só foi desenvolvido e abraçado pelas incorporadoras porque as pessoas estão ficando mais tempo em casa, porque as festas de aniversário de hoje tem pouquíssimos amigos, aqueles que são mais próximos. Já os imóveis se tornaram mais confortáveis. As pessoas estão mais tempo em casa, mas estão utilizando muito mais a internet. Isso piora significativamente as relações familiares. Segundo Marcus Araujo, há o dobro de telas touch screen nas casas, comparado com o a quantidade de pessoas nas famílias, então cada um fica assistindo vídeos curtos e dá pouca atenção um ao outro. Concluindo, a pandemia trouxe as pessoas para dentro de casa, sim, e elas valorizam isso hoje. Mas a internet tem atuado como um dificultado da qualidade das relações entre os membros das famílias.

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