Quem nunca deu um mergulho na piscina, no mar ou em uma cachoeira e, ao sair, ficou com a sensação de que tinha água no ouvido? A situação é comum e, muitas vezes, fácil de tratar. Porém, o caso pode agravar e evoluir para uma infecção de ouvido.
De acordo com a médica otorrinolaringologista clínica e pediátrica Clarice Naya Loures, as otites externas são a principal causa de procura nos consultórios durante os meses de dezembro e janeiro. Essa condição é caracterizada pela inflamação ou infecção da pele que reveste o ouvido, sendo provocada, muitas vezes, pela manipulação dos ouvidos com objetos como cotonetes ou grampos, ou pela umidade prolongada.
Durante o verão, época em que as pessoas ficam muito tempo em ambientes aquáticos, é comum que entre água nos ouvidos e uma gota fique presa, causando dor ao toque, coceira, sensação de secreção e ouvido inchado. “A otite ocorre quando existe uma quebra da barreira de proteção do ouvido”, afirma Clarice. “Por ser um ambiente úmido, quente e, agora, com uma ruptura, a proliferação de bactérias e fungos, que muitas vezes já existem no nosso corpo, é favorecida, dando início a um processo de infecção”, acrescenta.
A médica explica que isso ocorre por conta da propriedade de tensão superficial da água, que pode fazer com que uma gota de água entre e fique presa dentro do ouvido. Para quebrar essa propriedade, existem alguns passos que podem ser seguidos, como secar bem o ouvido com uma toalha, agitar a orelha e até mesmo dar alguns pulinhos.
Além disso, em alguns casos, pingar uma gota de álcool 70 no ouvido pode ajudar – porém, atenção: isso não pode ser feito se houver a suspeita de infecção no ouvido, pois pode provocar uma dor muito forte.
Outra dica para tentar tirar a água é com o auxílio de um secador de cabelo, com o jato direcionado ao ouvido em velocidade e temperatura baixas, e a uma distância segura. Se após essas tentativas os sintomas persistirem, é hora, então, de consultar um médico especialista para avaliar a condição e definir os tratamentos adequados.
A otite também pode aparecer em pessoas que têm condições específicas, como quem usa fones de ouvido com bastante frequência (o que deixa o ambiente mais abafado), ou aparelhos auditivos, o que tende a acumular mais umidade. “A otite é muito mais uma questão circunstancial do que algo relacionado à idade”, destaca a médica.
*André Braga é médico clínico-geral e atual diretor de relações institucionais do Grupo Santa. Possui especializações nas áreas de pneumologia e dermatologia.