O filme brasileiro Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, foi indicado ao Globo de Ouro 2025 em duas categorias: Melhor Filme de Língua Estrangeira e Melhor Atriz de Filme de Drama, com Fernanda Torres sendo reconhecida por sua interpretação de Eunice Paiva. A cerimônia, marcada para 5 de janeiro em Los Angeles, é considerada um termômetro importante para o Oscar, aumentando as expectativas para uma possível indicação ao prêmio da Academia.
Inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o filme Ainda Estou Aqui traz uma narrativa sobre a luta de Eunice Paiva para provar que seu marido, Rubens Paiva, foi vítima da ditadura militar. Interpretado por Selton Mello, Rubens, engenheiro e ex-deputado cassado, foi preso, torturado e morto após ser levado de sua casa por militares da Aeronáutica, em 1971.
A personagem de Fernanda Torres emerge como uma figura central, enfrentando um sistema opressor enquanto cria seus cinco filhos e se torna um símbolo na defesa dos direitos humanos e no reconhecimento das vítimas da ditadura. O filme também relembra marcos históricos, como a Lei 9.140/95, que reconheceu os desaparecidos políticos como mortos, e o esforço de Eunice para obter o atestado de óbito do marido.
Prestígio internacional
Após 12 anos longe da direção de longas-metragens, Walter Salles retornou ao cinema reafirmando o seu prestígio internacional. O filme estreou no 81º Festival de Cinema de Veneza, onde conquistou a Osella de Ouro de Melhor Roteiro, escrito por Murilo Hauser e Heitor Lorega, e encantou público e crítica. No Brasil, a produção atingiu a marca impressionante de dois milhões de espectadores, consolidando-se como um dos maiores sucessos do cinema nacional recente.
Ainda Estou Aqui é o quarto filme de Salles a ser indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme em Língua Não Inglesa, com chances de garantir ao diretor sua segunda vitória. Em 1999, ele levou o prêmio com Central do Brasil, embora Fernanda Montenegro, protagonista daquele clássico, tenha perdido na categoria de Melhor Atriz. A filha, Fernanda Torres, é a segunda brasileira a ser concorrer ao prêmio na história. Outras produções marcantes, como Abril Despedaçado (2002) e Diários de Motocicleta (2005), também foram reconhecidas na premiação, mas não levaram a estatueta.