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Economia circular é uma dos grandes desafios globais

**O mundo vai gerar 3,4 bilhões de toneladas de resíduos** por ano até 2050, aumento de 70, segundo estudo da organização sem fins lucrativos _International Solid Waste Association_ (ISWA). Em 2016, foram produzidas cerca de 2 bilhões de toneladas. O destino e reaproveitamento desses resíduos, dentro da proposta de economia circular, **é um dos grandes desafios globais**.

A entidade _Circle Economy_ propõe dobrar a circularidade da economia global até 2032, ampliando dos atuais 8,6% para 17% a reutilização dos resíduos no mundo, o que resultaria em redução de 39% das emissões de gases de efeito estufa. O coordenador do **Movimento Circular**, professor doutor **Edson Grandisoli**, aponta que o grande desafio mundial atual está ligado às mudanças do clima e as cidades têm papel fundamental no enfrentamento desse cenário, uma vez que emitem cerca de 75% dos gases de efeito estufa relacionados à energia.

_“Considerar essa questão como central deve levar população, empresas e governos a atuarem de forma conjunta sobre temas como planejamento urbano, mobilidade, gestão da água e resíduos, obtenção de energia e inclusão”_, afirma Grandisoli. A maior parte da população mundial vive nas cidades. Ele estima que, no Brasil, mais de 90% da população seja urbana.

**As cidades consomem mais de 75% de todo recurso natural** explorado no planeta. _“O metabolismo urbano está intimamente ligado a diferentes tipos de impactos ambientais, sociais e econômicos. Dentro desse cenário, planejar e criar cidades sustentáveis e resilientes é fundamental se desejamos garantir uma melhor qualidade de vida para todos”_, afirma Grandisoli.

A Economia Circular colabora com o presente e o futuro porque pretende **reduzir a retirada de matéria-prima** do ambiente e, no final da cadeia produtiva, reduzir também consumo e descarte, diminuindo a quantidade de resíduos gerados todos os dias. As propostas de desenvolvimento sustentável devem considerar diferentes aspectos.

Desenvolver economia circular e sustentabilidade exige adotar **pensamento sistêmico e integrado**. _“É preciso entender da melhor forma a cadeia de produção, consumo e descarte e como cada um dos diferentes atores sociais participa dessa cadeia. Pensar em circularidade é obrigatoriamente pensar em conexões. Um diagnóstico integrado e multisetorial pode revelar pontos importantes de ação”_, comenta Grandisoli.

**Público, privado e cidadão**

O professor explica que a criação de políticas públicas é fundamental para o avanço na economia circular, assim como investimentos, coparticipação e corresponsabilização, por meio de parceria com as indústrias, empresas e cidadãos. Além disso, se **destacam três aspectos**: a necessidade de infraestrutura, investimentos e mudança de mentalidade.

Cidadãs e cidadãos contribuem na construção desse projeto cobrando transparência de informações das empresas e governos para fazer as melhores escolhas no dia a dia, avaliando constantemente suas prioridades e reais necessidades de consumo. _“Refletir e recusar são dois dos mais importantes Rs para o consumidor”_, aponta Grandisoli.

De acordo com o professor, a circularidade é **colaborativa e participativa**. _“Em muitos casos, o que é lixo para um, é insumo para outro”_, defende. Para isso, é fundamental a criação de espaços de diálogo e colaboração. O coordenador do Movimento Circular aponta que criar cidades sustentáveis e resilientes é um processo que tem data para começar, mas não para acabar.

_“Diagnósticos podem apontar diferentes demandas, necessidades, carências e oportunidades. Alguns países da Europa, como a Alemanha, possuem altas taxas de reciclagem, cerca de 70%, mas ainda incineram parte de seus resíduos, o que colabora para as mudanças climáticas globais. Sempre há o que melhorar”_, afirma.

![Foto: Cortesia](https://gpslifetime.blob.core.windows.net/medias/landing-page/garbage_2729608_1920_2c6c60438a.jpg)

**Planares**

Na economia circular, o **Plano Nacional de Resíduos Sólidos** (Planares) também tem importante função. Ele apresenta estratégias de curto, médio e longo prazos para colocar em prática o que foi definido pela **Política Nacional de Resíduos Sólidos** (PNRS), mas já está atrasado, segundo Grandisoli. _“O Planares levou mais de 10 anos para ser disponibilizado. Temos um déficit sério com relação à gestão de resíduos na maior parte dos municípios brasileiros”_, afirma.

As diretrizes do Planares e da PNRS valorizam a circularidade na economia, em especial na ponta final da cadeia de consumo, com estímulo à reciclagem e logística reversa. _“Apesar disso, ainda falta um longo caminho nessa direção. Financiamentos, novas políticas públicas e parcerias são fundamentais para avançarmos”_, diz o professor.

Mesmo com todas essas ferramentas, ainda não é possível prever quanto tempo as cidades brasileiras vão levar para adotar a economia circular de forma mais ampla. _“É preciso começar e avançar, considerando-se as severas consequências das mudanças climáticas sobre as populações mais vulneráveis. Isso tem tudo a ver como construímos, vivemos e consumimos nos centros urbanos”_, alega.

**Sobre Edson Grandisoli**

_Coordenador pedagógico do Movimento Circular, é Mestre em Ecologia, Doutor em Educação e Sustentabilidade pela Universidade de São Paulo (USP), pós-doutor pelo Programa Cidades Globais (IEA-USP) e especialista em Economia Circular pela ONU (UNSSC)._

**Sobre o Movimento Circular**

_Criado em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, o Movimento Circular é um ecossistema colaborativo que se empenha em incentivar empresas, governos e cidadãos a colaborar na transição da economia linear para a circular. A ideia de que todo recurso pode ser reaproveitado e transformado é o mote da economia circular, conceito-base do movimento. O movimento tem o objetivo de informar as pessoas e instituições de que um futuro sem lixo é possível a partir da educação e cultura, da adoção de novos comportamentos e do desenvolvimento de novos processos, produtos e atitudes._

Site: https://movimentocircular.io/

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