A cena da MPB tem ganhado nomes que merecem atenção. O brasiliense Rafa Monte Rosa é um deles. Aos 41 anos, o cantor e compositor tem mergulhado em um gênero que sempre interessou e que agora é revitalizado por uma nova geração de artistas. Após 15 anos de trajetória com a banda Surf Sessions que rodou o Brasil, Rafa decidiu, coletivamente com os demais integrantes, seguir um caminho solo, buscando novas expressões artísticas e resgatando a essência musical brasileira por meio de suas composições.
Com violão de nylon e muitos elementos percussivos, Rafa enxerga o gênero que se encaixa como a Nova MPB. “Na verdade é um guarda-chuva que mistura diferentes gêneros, mas é como a gente tem definido atualmente no mercado”, diz.
Rafa contou ao GPS|Brasília que a pausa — como gosta de chamar — da Surf Sessions no ano passado veio a partir do amadurecimento dos integrantes da banda. “Já não estava fazendo tanto sentido para cada um enquanto projeto artístico e também profissionalmente mesmo. Então, foi um processo natural, de querer mudar, querer novos ares e aconteceu de uma forma coletiva”, explica.
O cantor, que sempre compôs, conta que esse processo é bem introspectivo e natural. Aos 15 anos ganhou o seu primeiro instrumente, um violão, e aos 16 escreveu a primeira música. Em um intercâmbio nos Estados Unidos, Rafa se aproximou ainda mais da música. “Eu me inscrevi em uma matéria da própria grade curricular e participei de uma banda da escola, também montei uma bandinha com amigos e quando eu voltei para o Brasil, com 17 anos, eu já me interessei, além de continuar estudando, a montar uma banda aqui no Brasil e isso aconteceu de uma forma natural”, lembra.
Mas foi com 20 anos de idade que começou a tocar e cantar profissionalmente e diz que a sua maior referência e inspiração é o cantor Gilberto Gil.
Sua primeira composição, Fico Com Ela, foi regravada pela Surf Sessions — porque antes tinha tido uma outra banda, a Marimba. Formado em publicidade e propaganda, afirma que, para ele, compor é mais um processo relacionado à transpiração do que inspiração.
“É focar e se colocar numa condição própria para a criatividade. Estar num espaço tranquilo, ter boas referências, deixar as ideias virem. Não sou aquela pessoa que fala: acordei e tive uma ideia maravilhosa. Sou uma pessoa que senta, vai amadurecendo ideias, colocando no papel, fazendo rascunhos. A partir daí a obra vai começando a surgir e sendo depurada”, revela.
Focado no trabalho autoral, Rafa também tem o show Janelas por Onde Entra a Luz, em que revisita diversos clássicos da MPB, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Djavan, Gonzaguinha, Geraldo Azevedo, com uma roupagem diferente.
Além dele, o artista tem o projeto Brasilidades, um show que mistura o samba rock do Jorge Ben por exemplo, com axé, como Olodum, Timbalada, Daniela Mercury, e ritmos nordestinos, como Alceu Valença. A ideia é pegar diversos ritmos brasileiros para apresentar em um show animado e divertido. Segundo ele, a proposta tem dado certo e o show tem sido requisitado.
Futuro
Casado e pai de menina, o cantor diz que longe dos palcos é uma pessoa tranquila e muito família. “Acho que sou uma pessoa mais reservada, gosta de passar o tempo livre com elas”, diz, sem deixar de citar os dois cachorros.
“Eu acho que quem ouve minhas músicas me reconhece como uma pessoa positiva, uma música tranquila, uma música que não é aquela mais agitada do mundo, também não é uma música muito depressa, uma música gostosa, sabe?”
Rafa se vê fazendo conexões com novos artistas dessa geração. Seu desejo é viajar Brasil afora para levar a sua música, e viver da carreira que que considera “tão legal e tão desafiadora ao mesmo tempo”. No futuro, o artista quer consolidar o que tem construído e pretende chegar na velhice nos palcos.