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Evento discute reparação histórica e inclusão de negros no setor de tecnologia do Brasil

Encontro reunirá líderes do setor para debater estratégias de inclusão na cadeia produtiva tecnológica
Luta contra o racismo | Foto: Nathan Dumlao Unsplash
Luta contra o racismo | Foto: Nathan Dumlao Unsplash

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Um evento que será realizado em Brasília, na quarta-feira (9), busca promover o debate sobre a reparação histórica e a inclusão de negros no setor de tecnologia.

Com a participação de CEOs de empresas de tecnologia, empreendedores, agentes públicos e acadêmicos, o encontro tem como objetivo principal a elaboração de propostas para garantir que a produção tecnológica se torne uma ferramenta de inclusão social e econômica para a população negra.

Uma das presenças confirmadas é de Christian Tadeu de Souza Santos, presidente da Federação das Associações das Empresas Brasileiras da Tecnologia da Informação (Federação Assespro).

A proposta do evento, denominado Potências Negras Tecnologia, parte da compreensão histórica de que populações negras, trazidas ao Brasil em diáspora forçada, dominavam tecnologias essenciais, como as agrícolas e de mineração.

O evento destaca a necessidade de que, em um contexto de reparação histórica, essas mesmas populações sejam incluídas na revolução tecnológica atual, assumindo cargos estratégicos dentro do setor.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil enfrenta um déficit de profissionais qualificados em tecnologia. Estima-se que o setor de Tecnologia da Informação precisará gerar quase 420 mil vagas até 2025, enquanto a formação de profissionais no país é insuficiente para atender essa demanda.

Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), a demanda anual é de 159 mil profissionais, mas apenas 53 mil são formados por ano. Em 2022, a média salarial no setor atingiu R$ 12.147, um aumento de 29% em relação ao ano anterior.

Os organizadores do evento destacam a importância da interseccionalidade no debate, especialmente considerando os impactos históricos da escravidão e as desigualdades enfrentadas pela população negra, que ainda ocupa as posições mais vulneráveis no mercado de trabalho e nas regiões periféricas do país.

Além disso, vale ressaltar que as mulheres negras, em particular, enfrentam desafios adicionais devido ao racismo e ao patriarcado, o que reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à inclusão.

Entre as questões debatidas, destaca-se a importância de garantir que as políticas públicas de tecnologia e inovação cheguem aos territórios periféricos e que o setor tecnológico contribua para a geração de emprego e renda nessas comunidades.

O evento também busca discutir como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da educação básica pode ser aprimorada para incorporar habilidades tecnológicas que melhorem a competitividade do mercado.