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Antônio Geraldo: Como cuidar da saúde mental durante o ano inteiro?

No último mês, nos dedicamos em abordar a prevenção do suicídio e a importância da saúde mental. Setembro acabou, mas os cuidados com a saúde mental precisam continuar o ano inteiro. No entanto, essa conversa não deve se limitar a um único mês. O cuidado com nossa saúde mental é um compromisso que deve perdurar ao longo do ano. Como cuidar da saúde mental no dia a dia?

  • Diminua o uso de telas. O uso excessivo de telas pode levar ao estresse e à ansiedade. Tente estabelecer limites diários para o uso de celulares, computadores e outros dispositivos eletrônicos;
  • Usar as redes sociais de maneira equilibrada para que não gere vícios, comparações com a vida de pessoas com realidade completamente diferente da
    nossa e outras questões que podem ser prejudiciais à saúde mental. Passar menos tempo nessas plataformas e focar em interações mais significativas fora do mundo virtual;
  • Praticar exercícios físicos de forma regular. A prática de atividades físicas não apenas melhora a saúde física, mas também libera endorfinas, substâncias químicas que promovem o bem-estar;
  • O que comemos afeta diretamente nosso estado emocional. Investir em uma dieta balanceada, rica em frutas, vegetais e grãos integrais, pode ter um impacto positivo em nossa saúde mental;
  • Tenha hobbies e momentos de lazer. Reservar tempo para atividades que gostamos é essencial. Seja ler, pintar ou tocar um instrumento, esses momentos de lazer ajudam a aliviar o estresse e a criar um equilíbrio emocional;
  • As relações sociais são fundamentais para nosso bem-estar. Ter tempo de qualidade com familiares e amigos, cultivar vínculos significativos pode proporcionar suporte emocional e aumentar nossa resiliência;
  • Faça uma boa higiene do sono. A qualidade do sono é vital para a saúde mental. Estabelecer uma rotina de sono regular e criar um ambiente propício para dormir pode melhorar a disposição e humor.

O poder público desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar coletivo e deve ser cobrado por isso. Como as autoridades podem contribuir para a saúde mental da população?

  • Fazer promoção em saúde mental. Trabalhar a psicoeducação com programas e campanhas que informem a população sobre a importância da saúde mental, como se cuidar, onde buscar ajuda se precisar;
  • Prevenir doenças. Iniciativas voltadas para a prevenção de doenças mentais podem reduzir os óbitos por suicídios;
  • Investimento de recursos adequados e alocados de maneira mais eficiente para o sistema de saúde são necessários para garantir que todos tenham acesso a serviços de saúde mental no sistema público de saúde;
  • Atendimento ambulatorial para doenças mentais pode facilitar o acesso a profissionais capacitados e promover intervenções precoces.
  • Capacitar equipes de saúde e segurança para reconhecer e tratar questões de saúde mental;
  • Oferecer um tratamento multidisciplinar que envolva diferentes especialidades aumenta a eficácia das intervenções e melhora os resultados para os pacientes;
  • Acesso gratuito a medicamentos. A disponibilização de medicamentos para doenças mentais em farmácias populares é uma medida que pode tornar o tratamento mais acessível para todos.

Ao adotar práticas saudáveis em nosso dia a dia, podemos ter uma vida mais equilibrada e fará bem para a saúde mental. Porém, cuidar da saúde mental é uma responsabilidade coletiva. É preciso cobrar que o poder público implemente políticas públicas eficazes colocando esta pauta como prioridade. Cuidar da saúde mental salva vidas! Vamos continuar essa conversa e fazer da saúde mental uma prioridade todos os dias do ano.

*Antônio Geraldo da Silva é médico formado pela Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. É psiquiatra pelo convênio HSVP/SES – HUB/UnB. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Portugal e possui Pós-Doutorado em Medicina Molecular pela Faculdade de Medicina da UFMG. Entre 2018 e 2020, foi Presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL.

Atualmente é Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Diretor Clínico do IPAGE – Instituto de Psiquiatria Antônio Geraldo e Presidente do IGV – Instituto Gestão e Vida. Associate Editor for Public Affairs do Brazilian Journal of Psychiatry – BJP. Editor sênior da revista Debates em Psiquiatria. Review Editor da Frontiers. Acadêmico da Academia de Medicina de Brasília. Acadêmico Correspondente da Academia de Medicina de Minas Gerais. Coordenador Nacional da Campanha “Setembro Amarelo®”, da Campanha ABP/CFM Contra o Bullying e o Cyberbullying e da Campanha de Combate à Psicofobia. É autor de dezenas de livros e artigos científicos em revistas internacionais e também palestrante nacional e internacional.

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