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Temporada dos ipês pode ser afetada por seca e mudanças climáticas

Céu de Brasília ficou completamente encoberto por fumaças de outras regiões
Ipês amarelos | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

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Calor, baixa umidade do ar e falta de chuvas são características do inverno brasiliense, no entanto, este ano, até os moradores da cidade estão tendo que lidar com as dificuldades impostas pelo clima. Impactado pelos fenômenos naturais e ação humana, o momento é propício para o aumento do risco de incêndios florestais.

Além disso, neste fim de semana, as fumaças de queimadas de outras regiões do País chegaram ao Centro-Oeste, e Brasília ficou completamente encoberta. Isso agrava a situação da seca, já que não chove há mais de 130 dias na capital federal.

Além dos efeitos negativos causados na saúde da população, fenômenos como esse também influenciam diretamente na floração das plantas, como os ipês amarelo e branco, comuns neste período – este último, geralmente, floresce de setembro a outubro.

A primavera no Cerrado também é caracterizada por floradas do jacaré-mirim, o flamboyant, a Kaliandra. De acordo com levantamento do Instituto Chico Mendes (ICMBio), o bioma, que abriga mais de 12 mil espécies de plantas, é considerado a savana mais rica do mundo.

Segundo o professor de Ciências Biológicas do Centro Universitário de Brasília (CEUB) Stefano Aires, a chegada da primavera no Cerrado é um lembrete da interconexão entre a natureza e o clima, e a importância de proteger esse ecossistema único. Ele menciona a série de recordes de calor recentes, enfatizando a importância de monitorar as previsões climáticas. “Este ano, observamos atrasos significativos na florada do ipê devido ao atraso nas chuvas. Isso sugere que a primavera pode ser afetada, com potencial impacto no verão”, alerta o especialista.

Tempos melhores

Uma das características mais marcantes da primavera é a mudança no clima em relação ao inverno. “No Cerrado, a primavera traz consigo o início das chuvas, temperaturas mais amenas e vegetação mais úmida. Isso reduz significativamente o risco de incêndios florestais de grande porte“, explica o professor Aires.

Segundo o especialista, a umidade relativa do ar também aumenta, criando um ambiente propício para polinizadores e permitindo que as plantas iniciem seu ciclo reprodutivo.