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O poema de hoje se espreguiça ao sol inaugural da Praça do Cruzeiro

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SOLAR

 

Sol gentil das sete da manhã:

uma joia no colo de gelo

desse liso céu de outono,

engastada bem no meio

do decote generoso e fundo

de dois prédios gêmeos.

 

Sol das sete da gentil manhã:

quanto tempo que tu não me queimas,

não me tomas e derramas

morna rama pelo seio,

pelas veias cavernosas, fundas

de meu corpo inteiro?

 

Sétimo sol desta manhã gentil,

tu tão logo me reconheceste

me inundaste feito peste,

me invadistes a passeio,

me deixastes a ferver profundo

o estupor que tenho.

 

O estupor que sou, melhor dirão:

só mesmo sete sóis gentis me acordariam;

só setenta sóis, girando, me amanhecerão.

 

 

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