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Diplomatas brasileiros aprovam indicativo de greve em meio a negociações salariais

Medida foi tomada às vésperas da Cúpula do G20 e destaca insatisfação com a proposta do governo
Palácio do Itamaraty na Esplanada dos Ministérios, Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Palácio do Itamaraty na Esplanada dos Ministérios | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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A Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB) aprovou, nesta segunda-feira (12), e pela primeira vez em sua história, um indicativo de greve em resposta às negociações salariais com o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) e às demandas por reformas na carreira diplomática.

A decisão ocorre em um momento crítico, quando o Brasil se prepara para sediar a Cúpula de Líderes do G20, em novembro. O Brasil se prepara para receber a Cúpula de Líderes do G20 nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro, com a participação das principais lideranças globais. 

O indicativo de greve, aprovado por 95% dos diplomatas presentes na assembleia, reflete o descontentamento da categoria. A associação deve convocar uma nova assembleia nos próximos dias para definir os detalhes da paralisação, incluindo a data de início e os moldes do movimento.

A insatisfação da categoria foi agravada pela proposta de aumento salarial apresentada pelo MGI, que sugeriu reajustes não lineares variando de 7,8% para Terceiros Secretários (TS) até 23% para Ministros de Primeira Classe (MPC), a serem escalonados entre 2025 e 2026.

Segundo a ADB, essa proposta foi considerada insuficiente para recompor as perdas inflacionárias recentes e não atende às expectativas da categoria.

“A decisão de um indicativo de greve reflete a insatisfação geral da categoria com a falta de valorização e reconhecimento da importância da carreira diplomática, em um momento em que o Brasil retoma suas ambições na política externa, sediando importantes eventos como as cúpulas do G20, do BRICS e a COP-30”, destacou a nota da associação.

O comunicado da ADB também ressaltou as dificuldades enfrentadas pelos diplomatas para alcançar os níveis mais altos da carreira.

“Diferentemente de outras carreiras públicas, nas quais os servidores podem chegar ao topo salarial em pouco mais de 10 anos, diplomatas costumavam levar até 30 anos para alcançar o nível máximo da carreira. Com o aumento da idade de aposentadoria para 75 anos e uma estrutura engessada com vagas limitadas por classe, um número significativo de diplomatas fica estagnado nas classes iniciais ou intermediárias da carreira”, registrou.