**O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que o governo federal usou para levar ajuda humanitária à Turquia regressou neste domingo (12) ao Brasil.** A aeronave trouxe a bordo 17 pessoas que sobreviveram ao terremoto que atingiu parte da Turquia e da Síria, na última segunda-feira (6). **Quatro crianças integram o grupo de nove brasileiros e oito estrangeiros que desembarcou na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro.** A repatriação dos brasileiros foi coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), que aproveitou o voo de volta do KC-30 da FAB.
**Logo após os fortes tremores de terra que chegaram a atingir 7,8 na escala Richter, o governo brasileiro acionou a Aeronáutica para que levasse à Turquia uma equipe de brasileiros especializados em resgate urbano e socorro a vítimas de desastres naturais.** Os 42 profissionais, incluindo bombeiros, agentes de saúde e da Defesa Civil, chegaram à capital turca, Ancara, na noite de quarta-feira (9). **Eles devem permanecer ao menos duas semanas no país prestando apoio humanitário à população** que, além das consequências do terremoto, enfrenta um inverno rigoroso, com temperaturas abaixo de zero.
**Desespero e correria**
Segundo a FAB, **o resgate das 17 pessoas trazidas ao Brasil contou com a ajuda de outros cidadãos que permanecem na Turquia, incluindo brasileiros**. Ainda de acordo com a Aeronáutica, entre os nove brasileiros, há uma mulher, grávida, identificada como Fernanda Lima. “Quando entendi que aquela situação não era habitual, comecei a gritar para meu marido e meu filho acordarem. Então, arranquei o meu filho do berço, dei na mão do meu marido e falei: corre, que isso é um terremoto. Salva a vida dele! Me deixa, vai na frente com ele! E foi só o tempo da gente sair de casa. Quando saímos de casa, nós a vimos desabar. Perdemos tudo”, relatou Fernanda aos militares da FAB.
**O professor Guilherme Brito, de 22 anos, também integra a lista de brasileiros repatriados.** Entrevistado por uma equipe da TV Brasil que viajou a Ancara a convite da FAB, Brito contou que tinha acabado de chegar à cidade de Adana para participar de um intercâmbio estudantil quando foi surpreendido pelo **terremoto que, segundo fontes dos governos turcos e sírio, já matou ao menos 33 mil pessoas.**
“Eu tinha acabado de chegar. Estava bem cansado, mas muito feliz. Jantei, fui dormir e, por volta de 4h da manhã, senti tudo tremer”, contou Brito. **Segundo o estudante, pouco depois, houve um segundo tremor, ainda mais forte, que o fez correr para a rua.** Brito lembra de, ao chegar na rua, ver ao menos três prédios próximos caídos e muitos outros com rachaduras graves. **Além disso, segundo ele, fazia muito frio, o que pode ter causado a morte de muitas pessoas presas em meio aos escombros.** Segundo Brito, os termômetros marcavam em torno de 3 graus Celsius (°C), mas a sensação térmica era de -1°C.
“Começamos a andar pelas ruas com um amigo turco, e ele nos alertou para que não andássemos por ali porque havia risco de cair. Acabei decidindo não ficar [na Turquia] justamente por isso. **Minha ideia era ajudar, mas percebi que aquela zona ainda era de risco, embora não fosse uma área tão afetada.** O medo começou a tomar conta”, disse Brito sobre porque decidiu pedir ajuda das autoridades diplomáticas para deixar o país. (Agência Brasil)